Maputo, 29 Jul (AIM) – A Associação Médica de Moçambique (AMM) decidiu prorrogar a greve dos médicos por mais 21 dias, por alegadamente persistem irregularidades no enquadramento destes profissionais na nova Tabela Salarial Única (TSU).
‘A classe médica decidiu por unanimidade prorrogar a greve por mais 21 dias, ou seja, a greve vai continuar até ao dia 21 de Agosto’, disse o presidente da AMM, Milton Tatia, nesta sexta-feira, em Maputo, após uma reunião da associação.
A terceira fase da greve dos medicos arrancou no dia 10 de Julho corrente, com a paralisação de 21 dias prorrogáveis.
Os médicos argumentam ainda que uma das causas da prorrogação da greve deve-se à uma alegada existência de um documento enviado à classe dando conta da revisão do regulamento do estatuto dos médicos que ‘visa reduzir e eliminar os seus direitos”.
‘Se o Governo, através do Ministério da Saúde, quiser agir de boa-fé que apresente provas, envie para a Associação um documento a explicar os pagamentos para nós também podermos acalmar os nossos colegas’, sugeriu Tatia.
Segundo Tatia, os recursos humanos e o sector da contabilidade também não têm informações sobre a forma como são feitos os pagamentos.
‘O Governo já está a pagar os horários extraordinários em atraso, mas há falta de transparência no processo. Alguns profissionais continuam a ter reduções salariais e o seu enquadramento, na nova tabela salarial, continua a ser feito sem ter em conta o tempo de serviço ‘, acrescentou.
‘O Governo diz à imprensa que está aberto ao diálogo. Nós mandamos cartas, eles deviam pegar nas cartas, responder e chamarem-nos para conversar’, disse Milton Tatia, referindo que o último encontro com o Governo aconteceu no dia 06 de Julho, pouco antes da greve.
A AMM, de acordo com Tatia, durante o processo negocial com o Governo, cedeu em alguns pontos, tais como a redução do subsídio de exclusividade, que passou de 40 para 5 por cento, do subsídio de risco de 30 para 5 por cento, e do subsídio de turno, que caiu de 30 para 5 por cento.
Por sua vez, o Ministério da Saúde (Misau), através de um comunicado tornado público ainda sexta-feira, diz que entregou, na sede da AMM, um ofício sobre a resolução de, pelo menos, quatro pontos de um total de cinco reivindicações, com resolução prevista até ao fim deste mês.
No documento, o Ministério afirma ter resolvido os problemas de redução e falta de pagamento de salários, enquadramento sem observar o tempo de serviço e enquadramento inferior ao acordado, estes dois últimos pontos que constam ainda das queixas apresentadas pelos médicos.
‘O pagamento das horas extraordinárias em atraso de até 2020 é a última reivindicação ainda por resolver este mês, foi cumprido em 73 por cento, tendo sido pagos 5.022 profissionais de saúde de um total de 7.862’, lê-se no documento, no qual o Governo reafirma a sua abertura para o diálogo com os profissionais de saúde.
(AIM)
Ad/FF