
Chimoio (Moçambique) (07) – Um total de 204 raparigas resgatadas das uniões prematuras já regressaram à escola este ano (2023) na província de Manica, centro de Moçambique.
As crianças são dos distritos de Tambara, Macossa, Mossurize e Machaze. Trata-se de menores de 18 anos de idade que haviam sido submetidos a uniões prematuras.
A informação foi tornada pública esta segunda-feira (07) pela directora provincial de Gênero, Crianças e Acção Social de Manica, Ema Catana.
Catana falava em Chimoio, na X reunião com as organizações da sociedade civil nacionais e internacionais que trabalham na província de Manica.
Explicou que o resgate das raparigas foi possível graças ao envolvimento de organizações governamentais e não-governamentais que trabalham na protecção da criança e rapariga, bem como a colaboração da comunidade.
As raparigas resgatadas são entregues às famílias e integradas nas escolas onde estudam com o apoio do governo e parceiros.
“Este resultado é graças ao envolvimento dos parceiros e a população que denunciam algumas práticas que colocam em perigo a vida da criança e rapariga. Quando temos a ocorrência de algum caso na comunidade, é feita a denúncia e nós vamos ao terreno para perceber os factos e devolvê-las à escola”, disse Ema Catana.
As raparigas e crianças recebem apoio, desde material didático, uniforme escolar e outros meios que permitem que sejam “acompanhadas durante o processo de ensino e aprendizagem.”
“Temos várias actividades que apoiam a rapariga na escola, como é o caso, por exemplo, da iniciativa EU Sou Capaz, onde há muitas a rapariga a serem assistidas. Os resultados são visíveis. A título de exemplo, com estas iniciativas, só este ano, tivemos o resgate e integração de 204 raparigas na escola”, explicou.
Assegurou que o governo e parceiros prosseguirão com acções tendentes a proteger a criança e rapariga contra qualquer tipo de violência na comunidade.
“Existem nas comunidades vários activistas que difundem mensagens de sensibilização e apelos à não violência contra a criança e a rapariga. Nosso apelo é que haja uma denúncia contra este mal que ainda afecta as comunidades”, vincou.
As uniões prematuras podem ter um efeito devastador na vida de uma rapariga, desde expô-la à violência e a riscos para a saúde, até comprometer o seu futuro e os seus sonhos.
Segundo dados globais do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), as uniões prematuras geralmente são seguidas pela gravidez, mesmo quando uma rapariga ainda não está física ou mentalmente preparada.
Moçambique não é exceção. De acordo com o Censo Populacional de 2017, 56 por cento das raparigas casadas com de 17 anos, tiveram filhos.
Nos países em desenvolvimento, as complicações na gravidez e no parto são a principal causa de morte entre adolescentes com idades entre os 15 e os 19 anos.
Além disso, sabe-se que casar antes dos 18 anos aumenta em 22 por cento o risco de sofrer violência praticada pelo parceiro íntimo.
O encontro, de um dia, juntou, à mesma mesa, representantes das organizações governamentais e não governamentais, governo e outros intervenientes que abordaram aspectos sobre a proteção da criança e rapariga.
Na província de Manica, existem 44 organizações registadas no Fórum das organizações da sociedade (FOCAMA).
(AIM)
Nestor Magado (NM)/dt