Maputo, 09 Ago (AIM) – A Presidente do Conselho Constitucional (CC), Lúcia Ribeiro, manifesta a sua preocupação com o baixo número de mulheres eleitas à cabeça-de-lista nos partidos políticos que vão concorrer nas autárquicas de 11 de Outubro próximo.
Ribeiro expressou o seu descontentamento terça-feira (08), em Maputo, durante o Workshop sobre o Empoderamento Político das Mulheres em Moçambique, que decorreu sob o lema, “Desperta, Sem Mulher Não Há Democracia”.
“Estamos agora a trabalhar no processo das eleições autárquicas. Do número total de autarquias que nós temos, quantas mulheres estão propostas para cabeça de lista? Não será que o nosso trabalho devia ser no intervalo dos pleitos eleitorais para que a estas alturas nós tivéssemos 30, 40, 50 por cento de mulheres como candidatas para as eleições autárquicas?”, questionou.
Segundo Ribeiro, o facto de as mulheres serem a maioria em Moçambique não condiz com a participação das mesmas nos mais distintos sectores de actividade.
“As mulheres representam a maioria da população mundial e nacional e, na realidade, as mulheres estão insuficientemente representadas nos mais diversos níveis e sectores, incluindo na política e governação”, disse.
“A nossa democracia, podemos assim dizer, está enferma, porque não reflecte nem a maioria nem a diversidade da população”, acrescentou.
Disse que conceder mais abertura às mulheres é uma missão da sociedade como um todo.
“Dar oportunidade à mulher nada mais é do que reduzir os obstáculos que ela tem de ultrapassar. E é este o trabalho de todos, da família, da sociedade, das instituições, e dos governantes”, vincou.
A directora-adjunta da Embaixada do Canadá em Moçambique, Lindsey Patridge, reconheceu os grandes avanços alcançados por Moçambique em termos de paridade de género.
“A representação das mulheres na tomada de decisões políticas tem vindo a aumentar ao nível mundial e Moçambique é uma boa referência em África. O meu próprio país ainda não atingiu a paridade de género nas políticas”, disse a diplomata.
“A participação da mulher não deve ser apenas na questão de números, deve ser capaz de se traduzir na melhoria de governação, tomada de decisões e no bem-estar das nossas sociedades”, acrescentou Patridge.
Referiu que a participação “plena da mulher” na política é aceite como um instrumento para as sociedades mais equitáveis e sustentáveis.
“O Canadá acredita que a procura de igualdade de género na política não é uma mera obrigação ética, é um requisito fundamental para um futuro próspero, equilibrado, inclusivo para todos nós”, sublinhou.
Por sua vez, o Embaixador da Noruega, em Maputo, Haakon Gram-Johannessen, defendeu a interpretação da “Igualdade de Género”.
“Igualdade de género não é uma questão de mulheres, mas sim direitos, responsabilidades e oportunidades não dependeram do facto de ter nascido homem ou mulher. É um processo que envolve igualmente homens e mulheres”, explicou.
Manifestou o seu compromisso de continuar a trabalhar com o país em matérias de género.
“Continuaremos a trabalhar em conjunto para garantir a participação plena e efectiva das mulheres, igualdade e oportunidade para a liderança a todos os níveis de tomada de decisão na vida política, económica, pública e adoptando e reforçando políticas sólidas e legislação para a promoção de igualdade de género e emancipação de todas as mulheres e raparigas a todos os níveis. Estamos cientes de que há ainda um longo caminho a percorrer”, concluiu.
Com a duração de dois dias, o workshop contou com a participação de cerca de 100 pessoas.
(AIM)
CC/dt