Chimoio (Moçambique) 10 Ago (AIM) – Pelo menos 16 pessoas perderam a vida desde nos últimos dois anos (2022-23), vítima de conflito homem – fauna bravia, na província de Manica, centro de Moçambique.
As vítimas perderam a vida, na sua maioria, atacadas por crocodilos, hipopótamos, elefantes e outros animais bravios considerados especiais. Os ataques aconteceram nos distritos de Tambara, Macossa, Sussundenga, Macate e Machaze.
Estes números foram apresentados quarta-feira (09) pela governadora da província de Manica, Francisca Tomás durante a visita que efectuou à direcção provincial de Desenvolvimento Territorial e Ambiente.
Tomás disse que o conflito homem- fauna bravia tem preocupado o governo, pois, muitas vezes têm terminado em perda de vidas humanas.
“Um dos problemas é a partilha de espaço entre o homem e os animais bravios. Isso é o que tem originado o conflito que termina em mortes. Por vezes nós mesmo é que vamos viver lá onde estão os animais bravios. Como consequência, temos tido registo de mortes e perda de vários bens. É uma situação que deverá ser revista para evitarmos mais danos humanos e materiais”, disse Francisca Tomás.
A governante afirmou que outra razão para a perda de vidas humanas está relacionada com a falta de equipamento para afugentar os animais, principalmente de grande porte como os elefantes, búfalos que também causam terror às populações que vivem na zona tampão das reservas.
Muitas das vítimas foram atacadas pelos animais durante a noite. Outras pessoas morreram nos rios, como é o caso dos distritos de Tambara e Sussundenga, onde há ocorrência de ataques por crocodilos.
“No distrito de Tambara temos o rio Zambeze, um dos maiores cursos de água que atravessa o país. A população tem recorrido ao rio para higiene pessoal e busca de água para vários fins. Algumas pessoas são abatidas pelos crocodilos. O mesmo acontece em Sussundenga, no rio Lucite onde também tem havido relatos de morte por crocodilos”, referiu Francisca Tomás, para quem urge desenhar estratégia para reduzir os conflitos homem-hora bravia.
“Precisamos adquirir mais equipamento para afugentar os animais nas comunidades onde temos a presença de muitos animais bravios. Por outro lado, verificamos que existem caminhos por onde os animais passam e a comunidade vai se alojar. Os animais se sentem ameaçados devido a presença do homem. Quando isso acontece, eles procuram defender-se, atacando o homem” acrescentou a governante.
“Em alguns lugares até são baixas onde a população ocupa para a prática agrícola outras actividades do dia-a-dia. Até são locais onde os animais procuram água. Como resultado, temos tido ocorrência de mortes causadas por conflito homem-hora bravia. Isso acontece igualmente no tempo seco. Os animais saem para as comunidades à procura de alimentos”.
Na ocasião, Francisca Tomás chamou a atenção da população para a tomada de medidas de segurança nas comunidades.
Referiu que as comunidades devem estar em permanente comunicação com os governo através das lideranças locais, com o envolvimento sector de desenvolvimento territorial e ambiente na prevenção de conflitos homem-hora bravia.
“Mais importante é comunicar às estruturas da zona onde residimos e esta, por sua vez, informará o governo. Numa situação de dificuldade de afugentar o animal, tomar-se-ão outras medidas com vista a salvaguardar a vida humana. Não queremos que os animais constituam um perigoso, mas sim, seja amigo do homem”, sublinhou a governante.
Os distritos de Tambara, Macossa, Sussundenga, Macate e Machaze são os que registaram mais conflitos homem-hora bravia nos últimos anos.
(AINM/sg