Maputo, 15 Ago (AIM) – Os Chefes de Estado de Moçambique e do Quénia, Filipe Nyusi e William Ruto, respectivamente, defendem que África deve levar para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), a ter lugar este ano nos Emirados Árabes Unidos (EAU), uma posição única e concertada.
Os dois estadistas entendem que, o continente, sob liderança da União Africana (UA), deve falar a mesma língua e defender uma abordagem geral sobre o fenómeno das alterações climáticas que assola com maior impacto os países sub-desenvolvidos, paradoxalmente, os que menos emitem o dióxido de carbono.
Nyusi e Ruto avançam que a África deve pensar em soluções através de uma estratégia continental de adaptação e mitigação das mudanças climáticas, para fazer face a problemática, fazendo ecoar a sua voz sobre a situação que classificam de carácter urgente, para evitar danos ainda maiores.
Para Nyusi, os impactos das mudanças climáticas estão já a ocorrer no país e representaram perdas de milhares de vidas humanas e a destruição de infra-estruturas públicas e privadas, implicando a redução no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e retrocesso o cumprimento dos objectivos do Governo de redução da pobreza.
Uma vez que as mudanças climáticas já não podem ser evitadas, várias projeções em Moçambique indicam que os seus impactos irão aumentar tanto em frequência como em intensidade, olhando para os eventos extremos que ocorreram nos últimos 10 anos, caracterizados por ciclones, chuvas intensas, secas prolongadas, entre outros desafios.
“Uma única voz, que é a da União Africana, tem que falar pela África no COP28”, disse Nyusi, durante a recente visita do seu homólogo queniano a Moçambique.
Por sua vez, William Ruto, vincou que as mudanças climáticas, provocadas pela acção humana, não só tornaram muito mais provável como agravaram a actual seca extrema que afecta o Corno de África, citando uma equipa internacional de cientistas do clima.
Segundo Ruto, há registo de morte de acima de um milhão de cabeças de gado no corno de África, devido à seca provocada pelas mudanças climáticas, situação que coloca o continente em alerta sobre os riscos que poderão advir do actual cenário climático.
“Há necessidade de consolidação de uma posição única a levar para COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para mostrar aos países do primeiro mundo que África pode também contribuir com soluções para o problema. África deve vincar as soluções que acha que são mais adequadas para o continente e seus desafios”, disse Ruto em Maputo.
As posições dos dois estadistas surgem numa altura em que as Nações Unidas já afirmaram que mais de 20 milhões de pessoas no Quénia, Etiópia, Somália, Uganda e Sudão do Sul foram afectadas pela seca, com mais de 2.2 milhões de deslocados na Somália e na Etiópia e graves riscos para centenas de milhares de mulheres grávidas ou lactantes.
Desde o final de 2020, os países do corno de África sofrem a pior seca dos últimos 40 anos, colocando o continente numa situação cada vez mais alarmante, com quebras nas colheitas e a morte do gado, deixando mais de 20 milhões de pessoas em risco de insegurança alimentar aguda.
O Presidente queniano, assegurou que ele e o homólogo moçambicano poderão marcar presença no COP28, em Novembro próximo, em Dubai.
(AIM)
Paulino Checo (PC)/dt