
Maputo, 17 de Ago (AIM) – O estadista angolano, João Lourenço, assumiu hoje, em Luanda, a presidência rotativa da SADC, vincando a necessidade de promover a paz e segurança na região, particularmente no combate ao terrorismo e extremismo violento na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
Frisou a importância da consolidação dos avanços da Missão Militar das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique apoiadas pela Missão Militar da SADC (SAMIM) e das Forças de Defesa do Ruanda.
Lourenço, que recebeu o testemunho do seu homólogo da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, assumiu o mesmo compromisso em relação a situação prevalecente no leste da RDC, onde a evolução do conflito desafia de forma urgente a região a estabelecer mecanismos para a restauração da paz e estabilidade.
“Quero saudar os países que contribuíram com efectivo militar para estender a missão da SADC em Moçambique, por mais 12 meses, visando a continuação do combate ao extremismo violento e ao terrorismo neste país, permitindo assim que se consolide a estabilidade e se crie condições para o reassentamento das populações”, disse João Lourenço, no seu discurso de aceitação, um evento no qual Moçambique fez-se representar por uma delegação chefiada pelo Presidente da República, Filipe Nyusi.
Tendo em conta o processo da consolidação das democracias na região, segundo Lourenço, a SADC irá registar durante o mandato de Angola, as eleições gerais na RDC, Eswatini, Madagáscar e Zimbabwe.
Como forma de garantir que os pleitos eleitorais sejam pacíficos e justos, é necessário, segundo Lourenço, assegurar a paz e estabilidade, condição essencial para o desenvolvimento da região.
“Consideramos fundamental que a governação da nossa região seja cada vez mais participativa e inclusiva e contribua para a promoção de cultura de paz e de respeito pelos princípios democráticos”, disse o presidente da SADC.
Num outro desenvolvimento, Lourenço prometeu tudo fazer para o cumprimento da Agenda 2050, da SADC, que preconiza o desenvolvimento industrial e integração de mercados, desenvolvimento de infra-estruturas de apoio à integração regional e desenvolvimento do capital social e humano, construído sobre uma base firme de paz, segurança e boa governança.
Frisou que até 2050, a organização Comunidade vislumbra uma região industrializada pacífica, inclusiva, competitiva, de renda média a alta, onde todos os cidadãos desfrutem poderão desfrutar de bem-estar económico sustentável, de justiça e liberdade.
“O desenvolvimento regional deve estar orientado para transformação tecnológica industrial”, disse Presidente angolano.
Falou do empoderamento do género, olhando para as mulheres como vector do desenvolvimento, numa região em que as questões do género ainda constituem um desafio.
“Assumimos o nosso compromisso no fomento da participação feminina em todos os domínios de desenvolvimento na SADC”, salientou.
Apelou aos estados Estados-membros a flexibilizarem a operacionalização do Fundo de Desenvolvimento Regional, acelerando o acordo e sua ratificação, como um instrumento para captação de investimento e aceleração da industrialização da região.
O mesmo compromisso foi assumido pelo novo Presidente do Órgão de Defesa e Segurança da SADC, o estadista zambiano, Hakainde Hichilema, que sucedeu hoje Cyril Ramaphosa, Presidente da África do Sul, também destacando a urgência do combate ao extremismo violento em Cabo Delgado e resolução do conflito armado na RDC.
No seu discurso de aceitação, Hichilema vincou que, a paz e segurança são factores essenciais para gerar o desenvolvimento, garantindo que a Troika do Órgão vai trabalhar para assegurar esse desiderato, realçando que a instabilidade distorce e afecta negativamente as perspectivas económicas na SADC.
“Nós iremos desempenhar as nossas funções com toda entrega e abnegação. Queremos providenciar condições de paz e segurança que possam ajudar no desenvolvimento da região”, disse.
Por sua vez, o secretário-executivo da SADC, Elias Magosi, dirigindo a cerimónia de passagem do testemunho da RDC para Angola, referenciou que África tem uma população jovem que precisa de ser envolvida nos processos de desenvolvimento e da industrialização, mas que tudo está dependente da paz e estabilidade também na região.
Magosi, citando o relatório sobre a paz e segurança, também realçou a consolidação dos ganhos no combate ao terrorismo em Cabo Delgado.
”Moçambique é um exemplo de sucesso no combate ao terrorismo. Na RDC o bloco regional ainda enfrenta desafios”, disse.
Refira-se que, na quarta-feira (16), após a sua chegada a capital angolana, Nyusi disse que a cimeira da SADC haveria de aprofundar a questão da industrialização sustentável da região, olhando para o capital humano e financeiro enquanto catalisador do processo.
(AIM)
Paulino Checo (PC) /sg