Maputo, 22 Ago (AIM) – As empresas petrolíferas e de gás em Moçambique investiram mais de 1,9 mil milhões de dólares em projectos de exploração de hidrocarbonetos desde 2006.
Segundo a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), de capital público, citada pela agência noticiosa portuguesa Lusa, os seus investimentos próprios desde 2006 ascendem a mais de 264 milhões de dólares. A este valor somam-se mais de 1,7 mil milhões de dólares investidos pelas empresas a quem foram concedidas concessões de hidrocarbonetos.
O ano com maior investimento foi 2013, com um investimento total de 545,5 milhões de dólares. Mas o investimento caiu para pouco mais de 5,8 milhões de dólares em 2018, na sequência dos ataques de terroristas islâmicos em vários pontos da província nortenha de Cabo Delgado, onde estão localizados os principais projectos de gás natural.
Além destes, a ENH detém uma participação de 25 por cento no consórcio liderado pela gigante petroquímica sul-africana Sasol nas áreas terrestres de produção de gás de Pande e Temane, na província de Inhambane, no sul, que já estão em produção.
A ENH opera sob a tutela do Ministério dos Recursos Minerais e Energia e tem como “objectivo principal” a actividade petrolífera, “nomeadamente prospecção, investigação, desenvolvimento, produção, transporte, transmissão e comercialização de hidrocarbonetos e seus derivados”, incluindo importações e exportações.
A empresa norte-americana Exxon Mobil acredita que o seu investimento no gás natural de Moçambique está no bom caminho para uma decisão final de investimento em 2025, com a produção a começar no final da década.
“Muito ainda depende da situação de segurança, que tem sido muito bem gerida”, disse o vice-presidente da empresa para a exploração de petróleo e gás, Peter Clarke, numa conferência em Vancouver, em Julho.
Esta é a primeira vez que a Exxon menciona datas para o projecto de construção de uma fábrica no norte de Moçambique. Seu projecto está paralisado desde 2020 devido à insegurança na região.
Previa-se inicialmente que o projecto da Exxon em Cabo Delgado produzisse 15,2 milhões de toneladas de gás natural liquefeito (GNL) por ano, mas a empresa prevê actualmente uma produção anual de 18 milhões de toneladas.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para explorar as reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificada como uma das maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
Dois desses projectos são maiores e envolvem a canalização do gás do fundo do mar para a terra, resfriando-o em uma usina para exportá-lo por via marítima em estado líquido.
Um deles é liderado pela TotalEnergies (o consórcio Área 1 da Bacia do Rovuma) e os trabalhos progrediram até serem suspensos indefinidamente após um ataque armado à cidade de Palma em Março de 2021, quando a empresa energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a área estivesse segura.
O outro é o investimento ainda a confirmar, liderado pela ExxonMobil e pela empresa energética italiana Eni (consórcio Área 4 da Bacia do Rovuma).
Um terceiro projecto menor e concluído também pertence ao consórcio Área 4. Liderado pela ENI, consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.
A plataforma flutuante deverá produzir 3,4 mtpa (milhões de toneladas por ano) de GNL.
(AIM)
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