Maputo, 23 Ago (AIM) – O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, ficou hoje (23) impressionado com a abordagem adoptada pela Indonésia para a transformação local de matérias-primas, como forma de maximizar os benefícios para a economia e criação de postos de trabalho.
A experiência foi partilhada pelo seu homólogo indonésio, Joko Widodo, durante um encontro tête-à-tête havido hoje, em Maputo, que marcou o segundo e último dia de uma visita de trabalho a Moçambique.
Durante o encontro, ambos estadistas passaram em revista matérias ligadas a defesa e segurança, combate ao terrorismo, mudanças climáticas, reconciliação nacional, reconstrução pós-ciclone, bem como a necessidade de isenção de vistos entre os dois Estados, para permitir uma maior circulação de pessoas e bens.
Numa breve conferência de imprensa conjunta, minutos após um encontro entre as delegações de ambos os países, Nyusi referiu que a Indonésia baniu a exportação de matérias-primas, tais como níquel, bauxite, cobre, entre outros, cujo resultado foi a instalação de 48 indústrias de processamento de minérios.
“Eu só ouvia dizer, mas hoje o Presidente da Indonésia contou-me que proibiu a exportação de matérias-primas. Os minérios já não são exportados em bruto. Escava-se e transforma-se lá. Achamos que é uma experiencia para capitalizar, claro que isso vai levar seu tempo, mas vamos chegar lá”, disse Nyusi a imprensa.
Referiu que o país pode adoptar políticas semelhantes, tendo em conta o elevado potencial de recursos naturais que dispõe, bem como no ramo de petróleo e gás, agricultura, energia, entre outros, que poderão espevitar o desenvolvendo cadeias de valor com efeito multiplicar na economia.
Esta visão também está assente num programa que visa a dinamização da industrialização através da atracção de investimentos e aumento de competitividade industrial.
Aliás, o governo moçambicano aponta como desafios um maior uso de matéria-prima local para o aumento da produção industrial e redução da exportação em bruto com recurso a PRONAI (Programa Nacional Industrializar Moçambique).
No campo de cooperação bilateral, Nyusi anunciou que já foi criada uma task force (força-tarefa), composta por técnicos dos dois países, para desbravarem caminhos para uma cooperação em áreas concretas de desenvolvimento económico com ganhos mútuos.
“Essa força-tarefa terá que discutir sectores como industrialização, porque ficou claro que a experiência deles pode ser importante para industrializar Moçambique. Também nos sectores de gás, uma vez que Indonésia está a participar num projecto dessa natureza em Sofala. Vamos aproveitar a presença do Presidente da Indonésia para discutir o sector do têxtil e de medicamentos, visto que também têm uma larga experiência nesses ramos”, vincou.
Por sua vez, o estadista indonésio apontou Moçambique como um dos principais parceiros da Indonésia em África, assegurou que, através do sector privado do seu país, vai promover a dinamização e expansão de investimentos para o país.
Referiu que, actualmente, decorrem os preparativos para a realização, próximo ano, de um Fórum de Investimentos Indonésia-África, que poderá traçar as linhas de parceria entre o continente e aquele país asiático num período de cinco anos, com maior incidência para os sectores de energia, infra-estruturas, transportes, entre outros.
“Agora vamos participar na FACIM e poderemos promover a expansão de investimentos para o país através do nosso sector privado”, assegurou Joko Widodo.
Refira-se que durante o encontro as partes assinaram dois instrumentos jurídicos, nomeadamente, um memorando de entendimento para o controlo de medicamentos e produtos biológicos e uma carta intenção sobre a cooperação no domínio da defesa e segurança.
(AIM)
PC /sg