Maputo, 24 Ago (AIM) – O Ministério moçambicano dos Recursos Minerais e Energia admite que a decisão da empresa mineira australiana Syrah de suspender a produção de grafite no país compromete as metas de quantidades e receitas que o Estado tinha projectado.
A mineira australiana Syrah anunciou em 18 de Julho que produziu em Abril 15 mil toneladas de grafite para baterias de carros eléctricos, que exporta do distrito de Balama, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, tendo interrompido no mês seguinte a produção devido aos ‘stocks’ e preços nos mercados internacionais.
“As operações da fábrica de Balama [Nacala/Pemba] foram interrompidas, resultando em nenhuma produção em Maio e Junho de 2023, devido à volatilidade no mercado chinês de ânodo e à boa disponibilidade de ‘stock’ de produtos acabados”, lê-se no relatório de actividade do segundo trimestre, divulgado pela Syrah e no qual estima custos de quatro milhões de dólares por cada mês de encerramento naquela unidade.
Em declarações à Lusa, o director nacional de Geologia e Minas de Moçambique, Cândido Rangeiro, assinalou que a medida poderá comprometer as projecções na produção de grafite deste ano e as receitas para o Estado geradas por este minério.
“Ficamos tristes com isto, porque, na verdade, nós tínhamos projecções para a produção de grafite e esta meta, provavelmente, não poderá vir a ser alcançada”, enfatizou Rangeiro.
Sem especificar números, avançou que o impacto poderá ser “considerável”, tendo em conta que a Syrah é o maior produtor de grafite em Moçambique, à frente da GK, que explora este recurso no distrito de Ancuabe, também em Cabo Delgado.
“Esta empresa [GK] não nos comunicou qualquer paragem, talvez porque produz para uma empresa-mãe que está na Alemanha”, e não instruiu a sua filial em Moçambique sobre qualquer decisão sobre a sua operação no norte, acrescentou.
Felicitando o facto de a decisão da Syrah não ter impacto sobre os postos de trabalho, o director nacional de Geologia e Minas salientou que a dinâmica no mercado internacional das matérias-primas é caracterizada por oscilações na procura e oferta.
“Hoje estamos a enfrentar esta situação e amanhã acredito que venha a mudar”, sublinhou.
A mina de Balama iniciou a produção comercial há quatro anos e foi destaque em Dezembro, quando a Syrah anunciou um acordo com a multinacional de veículos eléctricos Tesla, que pretende usar a grafite da mina, descrita como um dos maiores depósitos deste tipo de minério “de qualidade” no mundo pela própria companhia australiana.
(AIM)
FF