Maputo, 24 Ago (AIM) – O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, arrolou hoje os principais factores que condicionam o desenvolvimento dos países em desenvolvimento, particularmente os africanos, entre os quais se destacam as elevadas taxadas de juro, mudanças climáticas, industrialização e terrorismo.
Nyusi falava em Joanesburgo, na 15ª Cimeira do BRICS que, desde terça-feira, decorre na cidade sul-africana do Sandton, e conta com a presença de pelo menos 40 Chefes de Estado e de Governo.
Como primeiro factor, Nyusi explica que apesar de haver indícios de uma trajectória de melhoria na maioria dos países ainda prevalecem factores negativos que amortecem a velocidade de crescimento nomeadamente a persistência da inflação em quase todo o mundo, uma situação exacerbada pelas altas das taxas de juro nos países credores que se traduziu no aumento de custos de financiamento para os países africanos.
“Esta realidade implica o aumento do serviço da dívida e quebra das reservas extras com consequências na depreciação cambial”, disse.
O segundo aspecto crítico está relacionado com a transição energética e as mudanças climáticas.
Com efeito, disse Nyusi, África tem um contributo insignificante nas emissões de carbono e é habitado por milhões de pessoas que ainda não têm acesso a energia.
Infelizmente, os países africanos são vítimas de ciclones tropicais e secas recorrentes, com impacto na produção agrícola, emprego para os jovens, qualidade da vida das pessoas e deslocação de milhares de pessoas dento do continente.
“Assim, torna-se premente que se adopte uma transição energética justa que permita a capitalização do potencial económico dos países africanos com recursos energéticos em desenvolvimento que, indubitavelmente, vão jogar um papel fundamental na segurança energética global nos próximos décadas.
Como terceiro factor, Nyusi aponta a industrialização por via da consolidação de cadeias de valor regionais de diversos produtos, tendo por base a edificação de infra-estruturas que liguem o continente africano para potenciar a zona de comércio livre continental.
“Ressalta como importante o processamento de produtos agrícolas e minerais estratégicos dos nossos países, combinando os recursos de vários países para ganhos de economia de escala e acesso a energia em condições viáveis onde Moçambique deverá desempenhar um papel importante face ao potencial da sua matriz e energética e localização geográfica estratégica”, disse.
O estadista moçambicano tambem manifestou o seu agrado com a iniciativa de cooperação dos BRICS com os países não BRICS, como Moçambique, como mais uma mais-valia para a configuração para a materialização de iniciativas africanas reflectidas na Agenda 2063 para o desenvolvimento de África em consonância com as agendas das comunidades regionais.
Entretanto, Nyusi adverte que o almejado desenvolvimentos só será possível com a paz e estabilidade. Por isso, urge um combate cerrado ao terrorismo e pirataria marítima tendo com base os fóruns multilaterais com a participação activa nos países menos desenvolvidos em linha com os ditames da lei internacional e sem influências de rivalidade geopolíticas.
Nyusi aproveitou a oportunidade para saudar a iniciativa do BRICS relativa ao novo banco de desenvolvimento que deverá reduzir o défice de infra-estruturas no continente africano.
“Saudamos o facto de privilegiar o financiamento de infra-estruturas económicas e sociais vitais sendo de destacar a necessidade concreta de estradas e pontes escolas e hospitais barragens e outros e sistemas de retenção e gestão da água entre outras”, afirmou.
Integram o BRICS o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O número deverá aumentar para 11 a partir de 1 de Janeiro do próximo ano com a inclusão da Argentina, Egipto, Etiópia, Irão, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos (EAU)
(AIM)
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