Maputo, 24 Ago (AIM) – A consultora BMI considera que a perspectiva de evolução dos projectos do gás natural em Moçambique está a melhorar, apesar do atraso na retoma dos trabalhos em Cabo Delgado por parte da francesa TotalEnergies.
‘A perspectiva de evolução dos mega-projectos em Moçambique está a melhorar, com progressos relativamente ao recomeço dos projectos’, escrevem os analistas da consultora BMI numa nota sobre o sector do gás natural do país.
‘A TotalEnergies deu vários passos para recomeçar o projecto, no seguimento da violência em 2021, que forçou a companhia a declarar ‘força maior’ e suspender as actividades de construção’ da central que irá liquefazer o gás, permitindo a sua exportação.
Na análise, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso quarta-feira (23), os analistas desta consultora dos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings dizem que a TotalEnergies deverá recomeçar os trabalhos no primeiro semestre do próximo ano, depois de uma renegociação dos contratos com os empreiteiros locais.
‘A última consideração para o relançamento do projecto é renegociar os custos com os empreiteiros locais’, escrevem, salientando que ‘desde que o projecto foi suspenso houve várias grandes subidas de preço de matérias-primas, energia e mão-de-obra’, além de um aumento generalizado da inflação, ‘que vai diminuir as margens de lucro do projecto’.
Apesar do aumento, o presidente executivo da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, ‘confirmou que nenhum dos compradores antigos de gás exerceu o seu direito de sair do projecto e indicou que continua a haver uma forte procura mesmo que saiam’.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
Dois desses projectos têm maior dimensão e preveem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.
O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).
Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão, o projecto Coral FLNG, pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.
‘Para 2023, antecipamos que a produção de gás em Moçambique suba 47 por cento para 9,27 bcm [mil milhões de metros cúbicos], subindo face aos 6,31 bcm em 2022’, estimam os analistas, vincando que a perspectiva é que a produção de gás chegue aos 44,1 bcm em 2032, o que tem o potencial de transformar a economia moçambicana não só devido ao desenvolvimento local, mas também ao forte fluxo de receitas estatais oriundas destes projectos.
(AIM)
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