Maputo, 25 Ago (AIM) – Os utentes dos serviços de saúde pública nas principais unidades sanitárias de Maputo, capital moçambicana, manifestam a sua satisfação com a retoma das actividades dos médicos, ocorrida quinta-feira (24), e que marcou o fim da greve que vinham observando há mais de 30 dias.
Numa ronda efectuada ao Hospital Geral José Macamo (HGJM), uma das maiores unidades sanitárias do país, a reportagem da AIM, conversou com Matilde Cossa, residente no bairro do Jardim, arredores da cidade de Maputo, que aguardava pelo atendimento médico naquela unidade.
Segundo Cossa, o regresso do pessoal médico veio imprimir uma maior celeridade no atendimento as mulheres grávidas, crianças, idosos entre outros pacientes que ficavam horas a fio aguardando para serem atendidas devido ao défice de médicos.
“Estamos felizes, agora vamos ser atendidos rapidamente, era difícil só de pensar em vir aqui no hospital. Agora já sabemos que ao se dirigir ao hospital vamos encontrar o doutor. O governo fez bem em conversar com eles”, disse Cossa, visivelmente emocionada.
O mesmo sentimento foi expresso por Joaquim de Sousa, residente no bairro de Inhagoia que, na altura, acompanhava a sua mãe a uma consulta médica.
Joaquim encara a decisão dos médicos como um exemplo para todas associações ou organizações que queiram reivindicar os seus direitos. Para ele, a restrição do atendimento aos pacientes por parte dos médicos nunca foi uma boa decisão.
‘Veja os constrangimentos que eles causaram aos doentes. Vinham ao hospital, mas não tinham o devido atendimento. Por isso, eu olho para a decisão de retomarem o atendimento aos doentes como a mais acertada. A ideia de conversarem com o governo foi muito boa porque pelo menos vamos ter atendimento rápido na presença do médico”, sublinhou.
Por sua vez, o director do Serviço de Urgência do HGJM, Luís Vale, garantiu que todos médicos grevistas já estão integrados nos seus postos de trabalho e os pacientes estão a ser atendidos normalmente.
“Felizmente estamos a prestar todos os serviços que era suposto serem atendidos noutras unidades sanitárias. Ontem (24), após a sua chegada, os médicos foram todos integrados nas escalas de serviço. Felizmente não tivemos complicações para o reinício das actividades”, disse Vale.
Acrescentou ainda que, “tivemos alguma dificuldade na área da maternidade pela ausência das enfermeiras, mas as pessoas que estão neste momento a trabalhar conseguem dar vazão a enchente que se verifica”.
Em relação a greve de 21 dias anunciada último sábado (19), pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), Vale assegurou que apesar de os técnicos de enfermagem terem aderido a greve, ainda existem alguns que estão a prestar serviços mínimos.
“Em relação aos enfermeiros, recebemos a triste informação de que todos aderiram a greve. Porém, temos enfermeiros que estão a prestar cuidados o que indica que nem todos ausentaram-se do hospital. Tenho informação de que algumas enfermeiras fizeram 24 horas porque as outras não apareceram, mas o mínimo do trabalho está a ser coberto”, explicou.
Os profissionais da saúde queixam-se da melhoria das condições de trabalho, disponibilização de material médico-cirúrgico, alimentação para os pacientes internados, averiguação das condições de enquadramento na Tabela Salarial Única (TSU), entre outras.
Já os médicos queixam-se de irregularidades no enquadramento na TSU e exigem a melhoria das condições no Sistema Nacional de Saúde (SNS).
Afirmam ainda que uma das causas da greve ê a existência de um documento enviado à classe dando conta da revisão do regulamento do Estatuto do Médico que “visa reduzir e eliminar os seus direitos”.
Os médicos prometem retomar a greve no dia 02 de Outubro próximo, caso o governo não resolva as suas reivindicações.
(AIM)
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