Maputo, 31 Ago (AIM) – O governo moçambicano está a trabalhar na criação de instrumentos legais e regulamentos para orientar e fiscalizar o exercício da medicina tradicional no país.
A informação foi revelada na manhã de hoje na cidade de Maputo pelo Secretário Permanente do Ministério da Saúde, Ivan Manhiça, durante as cerimónias alusivas ao Dia da Medicina Tradicional Africana, que hoje se assinala em todo o continente sob o lema “A Contribuição da Medicina Tradicional para a Saúde Holística e o Bem-Estar de Todos!”
A fonte explica que se trata de um instrumento legal já existente em mais de 10 países africanos, pelo que Moçambique também tenciona adoptá-lo.
“Como Governo esforços estão sendo feitos para que Moçambique brevemente faça parte do grupo de países privilegiados, como África do Sul, Etiópia, Egipto, Guiné Conacri, Nigéria […], que possuem Leis e Regulamentos sobre a Medicina Tradicional e Alternativa, de forma a orientar melhor e fiscalizar o exercício destas medicinas”, disse Manhiça.
Refira-se que a Organização Mundial da Saúde (OMS) define medicina tradicional como “a soma dos conhecimentos, habilidades e práticas baseadas nas teorias, crenças e experiências intrínsecas de diferentes culturas, explicáveis ou não, utilizadas na manutenção da saúde e na prevenção, diagnóstico, melhora ou tratamento de doenças físicas e mentais.”
Num outro desenvolvimento, saudou o contributo dos praticantes da medicina tradicional na provisão de cuidados de saúde, destacando a formação em todo país de quase 35 mil profissionais da área em 2022 em matérias de algumas das doenças mais letais no país.
“Em 2022, foram treinados e capacitados em todo país 34.376 Praticantes de Medicina Tradicional para Cuidados Primários de Saúde [TB, HIV, Malária e outras doenças mais comuns nas comunidades], com vista a contribuir para o alcance dos objectivos de desenvolvimento sustentável de saúde e reduzir as barreiras sociais no acesso aos cuidados de saúde convencionais identificando sinais de perigo de doenças e referirem os doentes nas Unidades Sanitárias”, referiu.
Como resultado os praticantes de medicina tradicional apontaram cerca de 178 mil doentes para as Unidades Sanitárias, a maioria padecendo de HIV, Tuberculose e Malária.
A fonte diz que estes médicos igualmente aconselharam cerca de 14 mil mulheres para o Planeamento Familiar, oito mil para consulta Pré-Natal, nove mil para o parto seguro, entre outras.
Apesar dos resultados, o Secretário Permanente diz que é necessário massificar as actividades de capacitação destes profissionais médicos.
“Apesar desses avanços precisamos continuar a capacitar mais Praticantes de Medicina Tradicional e Alternativa, a fim de os dotar de maior e melhor capacidade e conhecimento na identificação de sinais de perigo de saúde, para uma referência e contra – referência às Unidades Sanitárias mais eficaz de casos suspeitos, principalmente se tratando de crianças, mulheres e idosos”, reconheceu.
As técnicas de Medicina Tradicional Chinesa nos Serviços Nacionais de Saúde foram introduzidas em 1975 no Hospital Central de Maputo e em 2016 as técnicas foram expandidas para todas as Unidades Sanitárias do país.
Manhiça concluiu manifestando repúdio às “actividades de alguns praticantes desta medicina para outros intentos pessoais, enganando as pessoas, promovendo a discórdia nas famílias, maltratando os idosos que são acusados de feitiçaria, perseguindo a pessoa albina e para fins não claros”.
A colaboração entre a Medicina Tradicional e Convencional remonta a 1977 com o desenvolvimento de Políticas de Medicina Tradicional e suas Estratégias de Implementação, visando alavancar as medicinas no país, rumo à cobertura universal de saúde.
A África tem uma longa história em matéria de medicina tradicional e dos seus praticantes, os quais desempenham um papel importante na prestação de cuidados às populações.
(AIM)
CC/sg