Por Damião Trape, AIM, em Nairobi
Presidente da República, Filipe Nyusi, discursa na Cimeira Africana do Clima 2023
Nairobi (Quénia), 05 Set (AIM) – O Presidente da República, Filipe Nyusi, partilhou hoje, em Nairobi, capital queniana, a experiência de Moçambique na gestão e protecção da natureza, tendo vincado a necessidade de inclusão das comunidades locais neste processo.
Nyusi falava durante a ‘Cimeira Africana do Clima 2023’, um evento organizado pelo governo queniano, em colaboração com a Comissão da União Africana (CUA), que decorreu sob o lema “Impulsionando o Crescimento Verde e Soluções de Financiamento Climático para África e o mundo”.
Na sua intervenção, Nyusi explicou que as comunidades usam no seu quotidiano recursos naturais para a sua sobrevivência, algumas vezes de forma insustentável, citando como exemplo a destruição de mangais para fazer construções precárias ou para a obtenção de lenha.
Sendo assim, segundo o estadista, é necessário um diálogo entre os governantes e as comunidades locais. “Elas vivem destes recursos e não podemos conflituar a sua sobrevivência com a protecção da natureza”,
“Muitas vezes falamos apenas em alto nível, os assuntos de protecção da natureza, mas aqueles que vivem essas realidades com a natureza são as comunidades”, disse.
“Então, elas têm que colaborar connosco para proteger os seus meios de subsistência”, acrescentou o Chefe de Estado moçambicano.
Além de praias, lagos e rios, o território moçambicano é coberto por parques, reservas (incluindo marinhas) e áreas de protecção.
Nesta perspectiva, diferentes acções foram empreendidas pelo governo para reunir parceiros privados e comunidades locais na protecção destas áreas e, como consequência, estas iniciativas levaram à redução, por exemplo, da caça furtiva de rinocerontes, leões, bem como da exploração ilegal da madeira em troncos.
Noutra vertente, Nyusi recordou que, a África, particularmente Moçambique, é ciclicamente devastada pelos impactos das alterações climáticas.
“Tivemos muitas tempestades naturais e secas. O ciclone Freddy foi extraordinário, porque demorou mais tempo, mais de 14 dias, e fomos afectados duas vezes pelo ciclone Freddy”, referiu, anotando que eventos extremos afectam negativamente as populações não só em Moçambique, mas também em outros países.
Neste contexto, Nyusi apelou a união de esforços na mitigação dos efeitos devastadores das mudanças climáticas
Aliás, anotou que as consequências dos desastres naturais não têm fronteira, o que reforça a ideia de um trabalho conjunto para minimizar os danos que estes causam, tanto humanos quanto de infra-estruturas.
No período da tarde, o Presidente moçambicano fez uma outra intervenção num painel dedicado ao tema: “Abrindo o Potencial da Economia Azul Regenerativa em África e Além”.
Neste painel, Nyusi explicou sobre as acções em curso no país para o aproveitamento das potencialidades existentes, bem como o quadro legal que está sendo adoptado para a materialização deste desafio.
A Cimeira Africana do Clima surge o contexto de concertação de uma posição única do continente na próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), a ter lugar este ano em Novembro nos Emirados Árabes Unidos (EAU).
O evento juntou líderes africanos, representantes de organizações das Nações Unidas, organizações internacionais, da sociedade civil e sector privado.
(AIM
Dt/sg