Nairobi, 06 Set (AIM) – O Presidente moçambicano defende à partilha de responsabilidades entre os países na protecção dos territórios marítimos contra as mudanças climáticas, vincando que são áreas que ultrapassam fronteiras.
Filipe Nyusi falava está terça-feira (05), em Nairobi, Quénia, num painel promovido por ocasião da Cimeira Africana do Clima 2023, que juntou Chefes de Estado e de Governo africanos, organizações e agências das Nações Unidas, sociedade civil, sector privado, entre vários convidados.
“As mudanças climáticas nessas áreas ultrapassam fronteiras. O mar transmite aquilo que é mau para outro lado, mas também pode fazer o inverso”, sustentou.
Segundo Nyusi, Moçambique tem estado na linha da frente na protecção das florestas interiores e costeiras para melhor dar resposta aos impactos climáticos. “Precisamos de trabalhar juntos e com a visão, plano de dar respostas conjuntas”.
“Convido a todos para podermos trabalhar para mudar o mundo (…) com poucos recursos, mas temos de começar a fazer qualquer coisa. Cada um se fizer no seu lugar, muitos faremos”, disse.
O tema do painel foi: “Abrindo o potencial da economia azul regenerativa em África e além” e, nesta perspectiva, o estadista moçambicano enumerou algumas acções em curso no seu país, nesta área.
Segundo Nyusi, na área de economia azul o país dispõe de condições favoráveis, entre elas para o sequestro do carbono.
“Temos acima de 200 mil hectares de área com potencial de ser reflorestada e gerar acima de 21 milhões de crédito de carbono. Na aquicultura também temos oportunidades que existem para o sector privado para produzir o peixe. Temos também na área das infra-estruturas e transporte marítimo e na pesca oportunidades para a produção do atum, gamba, da fauna acompanhante e captura de muitas espécies de peixe”, enumerou.
Nyusi disse que o país não está só a olhar para a paisagem verde, mas também para a paisagem azul e isto significa que é necessário proteger todas as espécies.
“Temos actividades concretas em termos de protecção da biodiversidade. No quinquénio 2000/2024, reflorestamos acima de oito mil hectares de mangal, com capacidade para sequestrar acima de 160 mil toneladas de carbono, o que poderá gerar acima de 15 milhões de dólares norte-americanos e está prestes a iniciar o projecto para reflorestar cerca de 140 mil hectares de floresta de mangal para sequestrar 15 biliões de crédito de carbono num período de 20 anos, a partir de 2025”, enumerou ainda.
Informou que Moçambique foi o primeiro país africano a receber fundos do Banco Mundial, a partir dos créditos de carbono, “o que significa que temos alguma experiência que podemos até partilhar.”
“O valor que recebemos do Banco Mundial devolvemos às comunidades, elas estão a usar aquele valor, per si só, para poder incentivar e sentem-se donas do projecto”, disse.
A primeira Cimeira Africana do Clima antecede a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP28), a decorrer nos Emirados Árabes Unidos, em Dezembro próximo, e serviu para alinhamento de ideias para que o continente todo nela participe com uma posição única.
(AIM)
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