
Maputo, 07 Set (AIM) – O Fundo de Resposta de Emergências das Nações Unidas (CERF) libertou mais 6,5 milhões de dólares para ajuda humanitária a Moçambique, anunciou aquela agência.
Em comunicado divulgado esta quarta-feira (06), o CERF referiu que este apoio está incluído no desembolso de 125 milhões de dólares para ajuda humanitária, nomeadamente a refugiados, em 14 países em África (incluindo Moçambique), Ásia, Médio Oriente e América do Sul.
Segundo dados consultados pela Lusa, o CERF tem em implementação em Moçambique outros dois financiamentos, para programas de recuperação dos ciclones que afectaram o país no primeiro trimestre, de 9,9 milhões de dólares, atribuído em 05 de Abril, e um 4,9 milhões de dólares, atribuído em 15 de Dezembro de 2022, para apoio a deslocados.
Com o desembolso destes 125 milhões de dólares para os 14 países, o CERF eleva o apoio total do fundo de emergência através da sua janela de Emergências Subfinanciadas para mais de 270 milhões de dólares este ano, “o maior montante anual alguma vez atribuído ao maior número de países”, o que segundo a instituição reflecte um “aumento vertiginoso das necessidades humanitárias e do facto de o financiamento regular dos doadores não estar a acompanhar o ritmo”.
O chefe dos Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, que anunciou este desembolso, admitiu que se assiste à “realidade cruel” de, “em muitas operações humanitárias”, as agências de apoio estarem “a trabalhar com muito pouco financiamento, num momento em que as necessidades das pessoas as obrigam a aumentar”.
“Graças à generosidade de um vasto leque de doadores, podemos contar com o CERF para preencher algumas das lacunas. Como resultado, vidas são salvas. Mas precisamos que os doadores individuais também avancem – este é um fundo de todos e para todos”, afirmou.
Dois milhões de moçambicanos têm necessidade crítica de apoio e 900 mil permanecem deslocados devido à violência provocada por grupos terroristas e pelos efeitos dos ciclones, segundo o ACNUR, que classifica Moçambique um dos países mais afectados no mundo.
“Moçambique acolhe aproximadamente 30 mil refugiados e requerentes de asilo, enquanto cerca de 900 mil pessoas permanecem deslocadas internamente devido à violência perpetrada por grupos armados não estatais e ao impacto devastador da crise climática – sendo Moçambique um dos países mais afectados no mundo”, lê-se no relatório operacional do final de Julho, lançado em 25 de Agosto pelo Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
O documento – em que o ACNUR estima também em 47,5 milhões de dólares as necessidades de financiamento para as operações de assistência ao país em 2023 – acrescenta que a dupla passagem do ciclone tropical Freddy, em Fevereiro e Março de 2023, “um ano após o devastador ciclone tropical Gombe”, afectou “mais de um milhão de pessoas, destruiu infra-estruturas e deslocou cerca de 184.000 pessoas”.
Segundo o relatório, dois milhões de pessoas em Moçambique têm “necessidade crítica de assistência e protecção” e 834.304 estão na condição de “deslocados internos” no norte do país “devido ao conflito em curso” – ataques terroristas sobretudo em Cabo Delgado, nos últimos quase seis anos -, dos quais 35 por cento vivem em locais de realojamento e 65 por cento em comunidades de acolhimento.
Além disso, 79 por cento dos deslocados internos são mulheres e crianças, havendo ainda registo de 420.200 repatriados, “muitos deles em situações semelhantes às de deslocados internos, com más condições de vida e falta de acesso à serviços básicos”.
No relatório do ACNUR acrescenta-se que 41.668 deslocados internos estão nessa situação por problemas “relacionados com o clima após os impactos de eventos climáticos extremos”.
“O ACNUR e os parceiros trabalham em estreita colaboração com uma série de partes interessadas, incluindo o Governo, para fornecer serviços de protecção que salvam vidas e assistência aos refugiados, requerentes de asilo, deslocados internos, repatriados deslocados, bem como às comunidades de acolhimento, aproveitando ao mesmo tempo oportunidades para investir e construir resiliência entre comunidades e facilitar soluções sustentáveis para o deslocamento. Nos últimos meses, cerca de 420 mil pessoas regressaram às suas áreas de origem, muitas das quais carecem de serviços e têm condições precárias”.
O alto-comissariado defendeu ainda que todos os movimentos de regresso de refugiados devem ocorrer de forma informada, segura, voluntária e digna.
(AIM)
FF