Maputo, 11 Set (AIM) – A União Africana (UA) e as Nações Unidas (ONU) alertam sobre a circulação e proliferação de armas ilícitas que alimentam conflitos no continente, apelando `a conjugação de esforços para o controlo da situação que periga o desenvolvimento do continente e do mundo.
O alerta foi feito hoje, em Maputo, durante a comemoração do Mês da Amnistia em África, referente ao ano 2023, evento de dois dias que reflecte sobre os desafios do continente, face ao fluxo descontrolado de armas, sobretudo de pequeno porte.
Falando no evento, o Presidente do Conselho de Paz e Segurança na UA e coordenador da Amnistia para África no mês de Setembro, Churchil Ewumbue-Monono, referiu que cerca de um milhão de armas de pequeno porte circulam em todo o mundo e parte significativa está em África, o que contribui para o aumento de conflitos, crimes e o terrorismo no continente.
“Nenhum Estado é imune aos desafios impostos pelo fluxo ilícito de armas. As armas de pequeno porte são as que mais circulam no continente”, disse a fonte da União Africana.
De acordo com a fonte, muitas crises no continente são agravadas pelo fluxo descontrolado das armas, reconhecendo que a experiencia de Moçambique nos processos de desarmamento pode inspirar outros países do continente.
Por sua vez, Mirko Manzoni, enviado Especial do Director-geral das Nações Únidas a Moçambique, referiu que a ONU tem-se aliado aos esforços do continente para combater o problema, através do Escritório de Desarmamento e o Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD), apoiando os países para silenciar armas ate 2030.
Realçou o sucesso do país no processo DDR, que na sua óptica, representa o cometimento do Governo e da Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, em silenciar armas, acabando com os conflitos que minam os esforços de desenvolvimento.
Enquanto isso, a ministra moçambicana dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, referiu que a proliferação de armas ilícitas tem contribuído para a perpetuação de conflitos armados e da violência em África e não só.
Segundo a ministra, este fenómeno tem consequências humanitárias graves, condiciona o alcance das premissas consagradas na iniciativa para o Silenciar das Armas em África até 2030, partilhando a experiência da história recente de Moçambique marcada por momentos de conflitos armados com destaque à guerra dos 16 anos e a tensão político-militar recentemente terminada.
Garantiu que o país está empenhado na recolha de armas que podem constituir ameaça a paz.
“O Governo continua empenhado na recolha de todo o tipo de armas, que dada a sua indevida utilização podem constituir uma potencial ameaça à paz e segurança no País. Neste sentido, continuamos a exortar os moçambicanos para a entrega voluntária de armas para garantir que as nossas crianças possam crescer livremente num ambiente de paz e desprovido de potenciais causas de conflitos”, disse a ministra.
Realçou que, a reflexão de é oportuna fase a conjuntura actual do continente africano e em particular Moçambique, apelando a multiplicação de iniciativas a nível dos Estados para acelerar a eliminação da proliferação de armas ilícitas no continente.
(AIM)