Por: Jordão S. Muvale, da AIM, em Havana
Havana, 14 Set (AIM) – O Presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, na qualidade de Presidente em exercício do Grupo G-77 + China, preside uma Cúpula de Chefes de Estado e de Governo sob o tema “Desafios Actuais do Desenvolvimento: Papel da Ciência, Tecnologia e Inovação”, nos dias 15 e 16 de Setembro, em Havana, capital cubana.
O Grupo G-77 + China é o maior e mais diversificado grupo de nações em desenvolvimento, com dois terços dos membros da ONU e que abriga quase 80% da população mundial, estando a resistir às desigualdades, à exclusão e à pobreza.
Em Junho, o Presidente cubano, em sua conta no Twitter, disse que “a ocasião deve servir para fortalecer nossa unidade e decidir sobre acções colectivas e práticas para o enfrentamento efetivo dos desafios contemporâneos”.
“Com a calorosa recepção que eles merecem e que estamos entusiasmados em oferecer-lhes, estaremos recebendo em Havana todos os líderes do Grupo dos 77 e da China. Cada minuto conta na busca de soluções para os problemas urgentes de nossos povos”, disse.
Díaz-Canel considerou que “o progresso científico e técnico, que é fundamental para alcançar o desenvolvimento sustentável, é, no entanto, inacessível para uma grande parte da humanidade. As causas”, enfatizou, “estão na ordem económica internacional injusta, que exacerbou a marginalização socioeconómica e técnico-científica de muitos países e dentro deles, com graves consequências para as nações do Sul”.
Em sua convocação para a reunião, Díaz-Canel considerou um paradoxo que “a ciência, a tecnologia e a inovação estivessem na vanguarda da resposta à pandemia da Covid-19, enquanto seus benefícios eram inatingíveis para os mais necessitados. Para mudar esse cenário é preciso construir uma relação mais justa e uma ordem verdadeiramente democrática e inclusiva que privilegie a solidariedade e a cooperação internacional”, ressaltou.
“Os membros do Grupo dos 77 e a China, que juntos representam 80% da população mundial e mais de dois terços dos membros das Nações Unidas, são instados a fazer exatamente isso”, acrescentou.
Cuba assumiu a presidência rotativa do Grupo, em Janeiro deste ano, a primeira vez que a Ilha caribenha lidera esse bloco de negociação de países em desenvolvimento. O G77 + China, que foi criado em Junho de 1964, é o maior e mais diversificado grupo na esfera multilateral, com 134 Estados membros.
No desejo de que a Cúpula do Grupo dos 77 (G77) e a China cumpram seus objectivos diante das justas exigências dos países do Sul, Cuba finaliza detalhes organizacionais e de segurança, ao mesmo tempo em que tempo de Estado e Governo e outras personalidades confirmaram a sua presença.
Nos últimos dias, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, Presidente da República, juntamente com Manuel Marrero Cruz, Primeiro-ministro, e vários membros da comissão organizadora, confirmaram a preparação das instalações que acolherão os participantes do evento: o Palácio de Convenções de Havana, o Hotel Palco, Pabexpo, o restaurante El Palenque e o Salão Cubanacán (El Laguito).
Neles elogiou as acções realizadas pelo Grupo Empresarial Palco e outras entidades, que dão os retoques finais em prol de uma maior lucidez e funcionalidade destas instalações, sem esquecer que o Aeroporto Internacional José Martí também se preparou para receber os líderes e outras personalidades.
Mas à medida que se aproxima o evento do G77 e da China, que será nos dias 15 e 16, a lista de Chefes de Estado e de Governo, bem como de outros altos funcionários de organizações internacionais que irão participar continua a crescer. Alguns dos exemplos são António Gutterres, Secretário-geral da ONU, os líderes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, Alberto Fernández, da Argentina; Xiomara Castro, de Honduras, e Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, segundo seus respectivos ministérios das Relações Exteriores e meios de comunicação.
Da mesma forma, os Presidentes Abdelatif Rashid, do Iraque; Luis Arce, da Bolívia; Gustavo Petro, da Colômbia; Ranil Wickremesinghe, do Sri Lanka, e Thongloun Sisoulith, do Laos, entre outros líderes, com destaque para africanos e de outros cantos do sul do Globo terrestre.
A convocação da reunião de Chefes de Estado e de Governo sobre ciência, tecnologia e inovação como premissa para o desenvolvimento promete abrir canais para novas ideias e políticas para o benefício do Sul global.
Essas adversidades também são destacadas no campo da ciência, com os países ricos retendo a maioria das patentes, tecnologias e instituições de pesquisa e tirando proveito dos talentos do Sul empobrecido.
No meio da pandemia, por exemplo, os países em desenvolvimento tinham apenas 24 doses de antígenos para cada 100 pessoas, enquanto os ricos tinham quase 150 doses para cada 100 pessoas.
Mas não é apenas nesse caminho que o progresso é possível no G77 + China, mesmo em meio à diversidade de opções políticas e económicas. Transformar a actual e prejudicial arquitectura financeira internacional, que é extremamente injusta e anacrónica, um dos assuntos discutidos no mais recente fórum dos BRICS, na cidade sul-africana de Johanesburgo.
Trata-se de uma demanda estabelecida há muito tempo pelo Grupo dos 77+ China, mas agora há novos incentivos para revigorá-la, quando existe uma prerrogativa arbitrária do dólar, com os Estados Unidos na vanguarda de seu uso. O G77+ China também pode se articular com o BRICS para garantir o princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas na implementação do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.
Nesse cenário, juntamente com a busca por fluxos financeiros de desenvolvimento mais acessíveis e a demanda para mitigar a insegurança alimentar e as medidas restritivas ao comércio, a Cúpula de Havana está se configurando como uma oportunidade de diálogo para concretizar as aspirações legítimas do Sul do globo.
(AIM)
JSA