
Por: Jordão S. Muvale, da AIM, em Havana
Havana, 14 Set (AIM) – O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, participa de 15 a 16 de Setembro corrente, na Cúpula do Grupo 77 + China, em Havana, capital cubana, confirmou hoje a Presidência da República, em comunicado de imprensa.
Trata-se de uma reunião de cúpula extraordinária do G77 + China, grupo integrado por mais de 100 países da Ásia, África e América Latina, que tem como objectivo promover uma nova ordem internacional menos “injusta”.
Para além do estadista moçambicano, Filipe Jacinto Nyusi, participam igualmente mais de 30 Chefes de Estado e de Governo, incluindo o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o argentino Alberto Fernández, o colombiano Gustavo Petro, assim como o sul-africano Cyril Ramaphosa e o secretário-geral da ONU, António Guterres.
O grupo, criado por 77 países em 1964, foi ampliado até integrar 134 nações da Ásia, África e América Latina, enquanto a China participa como convidada. Desde que Cuba assumiu a presidência rotativa em Janeiro, Havana apelou à “união” de seus membros para lutar contra “interesses mesquinhos de quem pretendem manter inalterada a injusta ordem económica actual”.
Guterres inaugurará o encontro após participar de várias reuniões internacionais nas últimas semanas como a dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Agosto em Joanesburgo, que foi ampliado com seis novos membros.
A cúpula das principais economias, o G20, em Nova Délhi, terminou na semana passada com divisões sobre a Ucrânia e a mudança climática. “Esta multiplicidade de cúpulas reflecte a crescente bipolaridade de nosso mundo”, declarou Guterres à imprensa no final de Julho.
O encontro em Havana abordará “os desafios actuais do desenvolvimento: o papel da ciência, da tecnologia e da inovação”.
Em Cuba “me concentrarei em colocar de volta aos trilhos a agenda 2030”, que busca combater a pobreza e os danos ao meio ambiente, declarou Guterres. Assim como em “utilizar a ciência e a tecnologia para o bem e garantir que o multilateralismo” beneficie a todas as nações. “O G77 é a voz do Sul Global, o maior grupo de países da cena internacional”, afirmou.
Como presidente temporário, Miguel Díaz-Canel representou o G77 + China em diversos fóruns internacionais, entre eles, a cúpula da América Latina e União Europeia em Julho em Bruxelas e outra reunião de presidentes um mês antes em Paris, na qual foram discutidas maneiras para impulsionar um novo paradigma financeiro internacional.
Está previsto que a reunião de Havana termine no sábado com uma declaração apegada “à exigência do direito ao desenvolvimento, em meio a uma ordem internacional cada vez mais excludente, desigual, injusta e espoliadora”, disse o ministro cubano das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, em entrevista colectiva nesta quarta-feira.
Para Cuba, que enfrenta a pior crise económica em três décadas, a presença de Chefes de Estado e de governo de diferentes regiões do mundo representa uma oportunidade para mobilizar sua capacidade diplomática.
“Apesar da situação precária que traz incertezas inclusive sobre a capacidade do governo de administrar o país” para que a população tenha “mínimos níveis de sobrevivência”, uma elevada dívida, protestos sociais inéditos e emigração em grande escala, a participação destes presidentes representa “um apoio ao governo cubano”, disse à AFP Arturo López-Levy, professor visitante da Universidade Autónoma de Madrid.
“É difícil não reconhecer que apesar da dificuldade do momento, Cuba tem sido reconhecido como um interlocutor válido”, acrescentou o especialista em Relações Internacionais.
(AIM)
JSA