Maputo, 20 Set (AIM)- Quase 30 por cento da energia produzida em 2022 pela Eletricidade de Moçambique (EDM) foi exportada para o mercado da região, numa altura em que a administração aponta o objectivo de transformar o país num polo energético regional.
Segundo o relatório e contas da companhia eléctrica, a energia produzida em 2022 ascendeu a 8.146 GigaWatt-hora (GWh), um aumento de 6 por cento face a 2021, e deste total 1.730 GWh foram exportados para os países vizinhos, mais 5 por cento do que no ano passado.
Desta forma, adianta o documento, citado hoje pelo “Notícias”, o peso das exportações de electricidade da EDM, fornecidas a outros concessionários ou consumidores operando nos países da região da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] abrangidos por acordos do mercado de energia da África Austral, cifrou-se em 27 por cento do total de 2022.
“A energia excedentária disponível nas horas de baixo consumo é optimizada através dos acordos bilaterais de exportação para o mercado regional”, acrescenta a EDM.
A empresa explica ainda que “a maximização da disponibilidade dos 150 MegaWatts não firmes adicionais da Hidroeléctrica de Cahora Bassa [no centro do país] nas horas de baixa demanda nacional, contribuiu para o aumento das exportações em 5 por cento em relação a 2021”.
Em relação à procura, a corrente total facturada aumentou em 7 por cento face ao período homólogo de 2021, para 6.350GWh. Desta forma, tendo em conta a produção total de 8.146 GWh em 2022, mais de 20 por cento da electricidade produzida em Moçambique não foi facturada pela empresa.
No relatório, a EDM identifica ainda vários “constrangimentos” que estão a impactar as operações da empresa, como as “dívidas elevadas das instituições do Estado”, com destaque para as áreas do abastecimento de água e da saúde, mas também a “dificuldade de cobranças da dívida do Ministério da Defesa”.
Reconhece, igualmente, o “défice de fundos para a aquisição de material para manutenção e contadores”, a “fraca recuperação da dívida de energia retroactiva”, resultando no “crescimento exponencial da dívida no sistema”.
Segundo a EDM, dos 2.075MW de capacidade instalada da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, “apenas 650 MW estão disponíveis para o mercado nacional”, o que “obrigou a recorrer à corrente muito cara” dos Produtores Independentes de Energia, “para responder à crescente demanda que, em 2022, atingiu cerca de 1.044 MW”.
(AIM)
FF