Maputo, 20 Set (AIM) – O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, classificou o apoio das “Forças Amigas” [do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SAMIM)] no combate ao terrorismo em alguns distritos da província de Cabo Delgado, norte do país, como exemplo de solução de problemas africanos pelos próprios africanos.
Segundo o Chefe de Estado, o apoio destas forças que já possibilitou o alcance de “sucessos visíveis no terreno”, demonstrados pelo retorno, em massa, da população às zonas de origem, é também “uma experiencia pioneira” de Moçambique na combinação de intervenção bilateral e multilateral para a resolução dos problemas do continente.
Nyusi sublinhou que com o apoio das forças amigas, que tem resultado “na melhoria da ordem e tranquilidade, as populações têm estado a retornar em massa às zonas de origem, recomeçando sua vida com normalidade.”
O estadista moçambicano vincou que o mesmo apoio “é também exemplo de solução dos problemas africanos pelos próprios africanos.”
Nyusi falava na noite desta terça-feira, em Nova Iorque, na 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.
O presidente pediu, no entanto, apoio para os países que de forma directa e interventiva ajudam a combater o terrorismo em Cabo Delgado de modo a tornar sustentáveis as acções ainda em curso.
Neste momento, disse Nyusi, o desafio é reconstruir as infraestruturas e consolidar a coesão social, cujas acções decorrem no quadro de um programa estratégico de desenvolvimento integrado da zona norte do país.
No capítulo das mudanças climáticas, um fenómeno sobre o qual o continente africano se debate, Nyusi entende que, tal como acontece com os conflitos, a causa principal está na falta de confiança e solidariedade.
No seu entender, os países que mais poluem continuam com as emissões que causam o aquecimento global e, por isso, o seu enriquecimento custa desgraça aos países que menos poluem, os mais pobres.
Aliás, como consequência desse fenómeno, Nyusi aponta, entre outras, para as ondas de calor, ciclones, cheias, secas, terramotos, subida do nível do mar, que se tornam cada vez mais frequentes em todas partes do globo.
“No caso de Moçambique, devido a sua localização geográfica, sofre ciclicamente o impacto devastador dos desastres naturais”, disse
Explicou que os últimos maiores ciclones (IDAI, Kenneth e Freddy), por exemplo, provocaram centenas de mortes, para além de danos avultados na ordem de biliões de dólares, cuja recuperação ainda não superou nem um terço dos danos.
Filipe Nyusi deplorou a falta de confiança dos parceiros que quando surge o apoio internacional “preferem gerir os fundos fora dos mecanismos acordados com o governo”, facto que resulta na sobreposição de recursos em zonas ou em programas de pouco impacto nas comunidades, além de gastar parte substancial dos fundos em questões burocráticas do que propriamente no apoio directo às populações afectadas.
(AIM)
SC/mz