Maputo, 22 Set (AIM) – O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique (BM) decidiu manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 17,25 por cento.
Segundo um comunicado emitido no final da sessão ordinária do CPMO realizada hoje, em Maputo, esta decisão é sustentada pelo agravamento dos riscos e incertezas associados às projecções da inflação, não obstante as perspectivas da sua manutenção em um dígito no médio prazo.
“Mantêm-se as perspectivas de inflação de um dígito no médio prazo”, afirma o Banco Central.
Em Agosto de 2023, a inflação anual reduziu para 4,9 por cento, depois de 5,7 por cento em Julho. “Esta redução é explicada, principalmente, pela queda dos preços de bens alimentares, favorecida pelo prolongamento da época fresca, num contexto de estabilidade do Metical.”
De acordo com o BM, a inflação subjacente registou um aumento, a traduzir, fundamentalmente, o incremento dos preços nas classes de restauração e de vestuário e calçado.
“Para o médio prazo, mantêm-se as perspectivas de uma inflação de um dígito, reflectindo, sobretudo, a estabilidade do Metical e o impacto das medidas que vêm sendo tomadas pelo CPMO”, assegura.
O comunicado explica que os riscos e incertezas subjacentes às projecções da inflação agravaram-se. “A nível interno, prevê-se a prevalência da pressão sobre a despesa pública e das incertezas quanto à evolução e aos efeitos de eventos climáticos extremos.”
Para o BM, na envolvente externa, destacam-se as incertezas quanto à magnitude do impacto do prolongamento e escalada do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, bem como a tendência recente para aumento dos preços dos combustíveis.
“A materialização destes riscos poderá concorrer para uma aceleração da inflação, desviando-a da trajectória esperada. Mantêm-se as perspectivas de um crescimento económico moderado no médio prazo”, anota.
No segundo trimestre de 2023, o produto interno bruto cresceu 4,7 por cento, a reflectir, essencialmente, um desempenho assinalável da indústria extractiva, com destaque para a produção de gás natural.
“No médio prazo, antevê-se que a indústria extractiva continue a contribuir para a aceleração do crescimento do produto interno bruto.
Excluindo os projectos de gás natural, prevê-se que a actividade económica continue a recuperar, não obstante os prováveis impactos negativos dos choques climáticos sobre a produção agrícola e diversas infra-estruturas”, realça o CPMO.
Entretanto, o BM manifesta a sua preocupação pelo facto de a dívida pública interna continuar a aumentar.
Assim, o endividamento público interno, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 321,1 mil milhões de meticais (um dólar vale 63,25 meticais ao câmbio do dia), o que representa um aumento de 46,0 mil milhões em relação a Dezembro de 2022.
“O CPMO continuará a monitorar a evolução dos riscos e incertezas associados às projecções da inflação, e não hesitará em tomar as medidas correctivas necessárias”, garante.
A próxima reunião ordinária do CPMO está marcada para o dia 29 de Novembro de 2023.
(AIM)
dt/