Por Felizberto Firmino, da AIM, em Quelimane
Quelimane (Moçambique), 29 Set (AIM) – Os quatro partidos políticos, a coligação de partidos e as associações de cidadãos que concorrem às sextas eleições municipais de 11 de Outubro próximo na província central da Zambézia, a segunda mais populosa de Moçambique, têm estado a alternar a sua campanha eleitoral entre comícios, passeatas e comunicação interpessoal, desde que esta iniciou terça-feira última.
A província apresenta-se como o segundo campo de batalha eleitoral, depois da nortenha de Nampula, o maior círculo eleitoral no país, com 1.250.000 potenciais eleitores inscritos em oito autarquias existentes em oitos distritos.
Na Zambézia, há sete municípios, dos quais uma vila-sede do distrito de Morrumbala que foi elevada à categoria de autarquia em Dezembro de 2022. No total estão em disputa na província 198 assentos nas assembleias municipais locais.
Os três partidos com assento na Assembleia nacional, o parlamento do país, a Frelimo, no poder, a Renamo, o maior na oposição, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a segunda força na oposição, concorrem em todos os municípios.
O partido Nova Democracia (ND) concorre em Gurúè e Mocuba e a Coligação Aliança Democrática em Quelimane e Mocuba.
A Associação para o Desenvolvimento Infantil e Juvenil na Comunidade (ACRIAJUDA) e a Associação Cidadãos de Moçambique (CIDADÃOS) disputam apenas os 40 assentos destinados à cidade de Quelimane, a capital da província.
Em 2018, a Frelimo ganhou em cinco municípios, enquanto a Renamo venceu um, a cidade de Quelimane.
Quelimane surge como o primeiro palco de batalhas eleitorais. É gerida pela oposição desde 2011, quando Manuel de Araújo, então candidato do MDM, venceu as eleições intercalares com 62 por cento do total dos votos.
Em 2018, a Renamo venceu as eleições com 59.17 por cento dos votos, que lhe conferiram 24 assentos na assembleia municipal local, contra 36,09 por cento da Frelimo, que conseguiu 15 lugares. O MDM conseguiu um assento, depois de arrecadar 4,07 por cento dos votos. Manuel de Araújo foi reconduzido para mais um mandato de cinco anos, desta vez pela Renamo, depois de ter abandonado o MDM em Julho daquele ano.
Para as eleições de 11 de Outubro próximo, Quelimane tem em disputa 40 assentos, depois de ter recenseado 130.691 eleitores.
Concorrem para a presidência da edilidade de Quelimane o actual autarca, Manuel de Araújo, pela Renamo, o músico Lourenço Acide Abdul Gani, pela Frelimo, o académico Bruno Hubre Dramusse, do MDM, Simões Jaime José, pela Coligação Aliança Democrática, Simone Ossumane Mamudo, pela ACRIAJUDA, e Ener Rafael Franscisco Rungo, pela CIDADÃOS.
A vila de Alto Molócuè, elevada à categoria de município em 2008, é outro “ringue” político. Gerida pela Frelimo, Alto Molócuè foi palco dos maiores teatros eleitorais em 2018, em que a diferença de votos entre a Frelimo e a Renamo foi inferior a 1 por cento. Aliás, é dos municípios onde a Frelimo ganhou o escrutínio nos últimos segundos de contagem e apuramento dos resultados.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) sustentou que a Frelimo venceu as eleições com 47,77 por cento dos votos, contra 47,14 por cento conseguidos pela Renamo. Os dois partidos conquistaram 10 assentos cada na Assembleia Municipal, enquanto o MDM ganhou um, depois de somar 5,08 por cento dos votos.
Nestas eleições, os três partidos voltam a disputar 21 assentos, numa autarquia onde foram registados 37.304 eleitores. Concorrem para o cargo de Presidente do Conselho Municipal Tomás Alberto José Muananyale, da Frelimo; André Manuel Txetxema, do MDM, e Otílio Eduardo Munhequele, da Renamo.
A cidade de Gurúè é um dos municípios onde se antevê uma autêntica batalha política. Entre 2013 e 2018, esteve sob gestão do MDM, quando Orlando Janeiro venceu as eleições com 55 por cento dos votos. Em 2018, a autarquia passou para as mãos da Frelimo, que ganhou com 51,18 por cento dos votos, tendo conquistado 16 assentos, contra 43,93 por cento do MDM, que conseguiu 14 lugares e a Renamo ficou com um, depois de amealhar 4,89 por cento dos votos.
Gurúè foi o único município onde o MDM conseguiu estar em frente da Renamo em eleições autárquicas ganhas pela Frelimo em 2018. Igualmente, é uma das duas autarquias onde a Renamo esteve em terceiro lugar, a par da cidade da Beira, no centro do país, ganha pelo MDM.
No entanto, a saída de Orlando Janeiro, que trocou o MDM pela Nova Democracia (ND), eleva as expectativas em torno da capacidade do MDM em manter a sua sobrevivência naquele município. Aliás, isto se verificou em 2018, quando Manuel de Araújo trocou o MDM pela Renamo, o partido perdeu a sua popularidade na cidade de Quelimane.
Nessas eleições, concorrem para o cargo de autarca de Gurùè Texeira Natoto, do MDM, José Aniceto Fernando, da Frelimo, Manteiga Bulausse, da Renamo, e Orlando Janeiro, da ND. Em disputa, estarão 39 assentos na Assembleia Municipal e são esperados nas urnas 64.210 eleitores.
Mocuba, principal corredor logístico da Zambézia, é outra autarquia de grande interesse político. A cidade é gerida pela Frelimo e é tida como um dos bastiões do partido no poder a nível desta província. No entanto, em 2018, a Frelimo venceu as eleições com 50,37 por cento dos votos, que a permitiram ter 20 assentos, enquanto a Renamo conseguiu 45, 90 por cento, tendo conquistado 18 lugares. O MDM teve um assento, fruto de 2,64 por cento dos votos.
As eleições do dia 11 de Outubro em Mocuba estão também a ser disputadas pela Coligação Aliança Democrática e, pela primeira vez, pelo partido Nova Democracia, fundado em 2019. Estarão em disputa 39 assentos na Assembleia Municipal e são esperados 86.669 eleitores. A Renamo está na batalha com Fernando Pequenino. O MDM apostou em Yahaya Canana, enquanto a Frelimo trocou Geraldo Sotomane por Manuela de Jesús Francisco Varela Opincai. O ND apostou em Stela Francisco Armando, enquanto a Coligação Aliança Democrática em Paulino Nicopola.
Os outros municípios que estão na cobiça dos políticos são Milange e Maganja da Costa, ambos geridos pela Frelimo. Em Maganja da Costa, a Frelimo venceu, em 2018, com 52,67 por cento dos votos (sete assentos), contra 41,73 por cento dos votos da Remano (seis lugares), enquanto na vila de Milange a Frelimo ganhou com 56,87 (10 lugares), contra 40,56 por cento da Renamo (sete assentos).
Para as eleições do próximo dia 11, Milange tem 21 assentos, fruto do registo de 36.180 eleitores, enquanto Maganja da Costa tem 17 lugares, resultantes de recenseamento de 20.699 eleitores. Concorrem para o cargo de edil de Milange, Felisberto Jefure Mvua (da Frelimo), Lucas Simon Mpepo (do MDM) e Enoque Domingos Zaqueu (da Renamo), enquanto para Maganja da Costa estão no ringue o deputado Eduardo João Ladria (da Renamo), o actual Presidente do Conselho Municipal, Virgílio Gabriel Dinheiro (da Frelimo) e Minélia Tarzano Alfazema (do MDM).
As atenções da Frelimo, da Renamo e do MDM estão nestas eleições também viradas para a vila-sede do distrito de Morrumbala, elevada à categoria de município em Dezembro de 2022.
Um cidadão de Morrumbala disse hoje à AIM, em Quelimane, que a população da vila está agora muito expectante, acreditando que a sua municipalização poderá acelerar o crescimento sócio- económico, dado que poderá resolver os seus problemas locais, com recursos locais, sem terem de esperar sempre por intervenções do Estado.
Na vila-sede de Morrumbala estão em disputa 21 assentos na Assembleia Municipal local e são esperados 30.652 eleitores. A Frelimo aposta para liderança da autarquia em José Jonimia Janasse, a Renamo em Abílio Abel Magaia e o MDM escolheu Benjamim Pinifolo.
(AIM)
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(AIM)