Nacala, 06 de Out (AIM) – Os produtos pesqueiros da costa da província de Nampula, norte de Mocambique, particularmente o polvo capturado nas águas dos distritos de Nacala, Angoche e Ilha de Moçambique, estao no topo das preferências do mercado internacional.
Anualmente, a empresa A-One Enterprises, baseada na cidade portuária de Nacala, que se dedica a exportação do polvo, envia para a Europa, Asia e Oceânia, envia mais de 200 toneladas daquele recurso pesqueiro por ano, com um impacto positivo para a cadeia de valor.
O facto foi reportado hoje, em entrevista a AIM, pelo responsável administrativo da A-One Interprises, empresa que se dedica a processamento e exportação de produtos pesqueiros em Nacala, Henrique Jango.
“O nosso principal item de exportação é o polvo, mas tambem processamos outras espécies de peixes pelágicos que abundam na nossa costa. O principal destino é o Japão, Portugal e Austrália”, disse a fonte.
Mesmo com a sazonalidade da espécie do pescado referido, que torna variável as cifras de exportação e o período chuvoso atípico no início deste ano, caracterizado por chuvas alongadas para a realidade local, a empresa conseguiu contornar a situação, e só este ano já colocou nos mercados internacionais mais de 100 toneladas do polvo.
“Mesmo com a época chuvosa atípica, que condicionou a pesca, tendo em conta que o polvo é capturado por pescadores artesanais e as condições do mar é que ditam a realização da actividade, conseguimos fazer o embarque do produto para os principais mercados internacionais”, disse a fonte da A-One Interprises.
De acordo com a fonte, a qualidade do polvo das águas moçambicanas é apontada como sendo excelente por parte dos principais mercados consumidores, nomeadamente, o Japão que tem uma longa tradição de consumo do referido marisco em forma de suchi, uma iguaria típica local.
“O mercado internacional é muito competitivo, se a qualidade do nosso polvo não fosse das mais desejáveis, certamente que os compradores recuavam, mas o que notamos é que as demandas continuam a aumentar e estão a surgir outros mercados interessados no nosso produto”, salientou a fonte.
Apesar da qualidade do polvo moçambicano, a A-One Enterprises aponta desafios ligados a técnicas de captura do pescado usadas na Ilha de Moçambique, Monjicual, Quissimajulo, Memba, Matibane, Mossuril e outras pontos, que acabam criando lesões no pescado e isso pode criar desconforto nos consumidores finais.
“A técnica do arpão utilizado pelos pescadores artesanais, cria lesões no polvo e isso tem sido um elemento de queixa dos consumidores porque cria uma imagem não muito boa na apresentação do próprio produto e isso em termos de avaliação dos compradores acaba sendo um aspecto negativo. O ideal era que adoptassem outras técnicas de captura que não criam este tipo de dano”, referiu.
Contrariamente ao polvo, o atum de Nacala tem uma avaliação menos favorável nos mercados de exportação devido a técnica empregue para a captura, conservação e manuseio, tendo em conta que é um produto que o seu mercado tem um nível de exigência muito elevado.
Segundo a A-One Interprises, o atum na costa local tem estabilidade em termos de abundância ao longo do ano, um factor que deveria ser capitalizado, mas, por causa da arte empregue para a captura, que cria lesões no atum e toda a logística de conservação deficitária, coloca o produto numa posição de desvantagem nos mercados.
Refira-se que, o controverso projecto da EMATUM elaborado em 2012, que custou ao Estado moçambicano 850 milhões de dólares norte-americanos tinha como objecto a captura, conservação e exportação do atum, mas que, devido aos escândalos de corrupção ligados à sua criação, colapsou, deixando a frota das embarcações adquiridas para a pesca a ganhar ferrugem na baia de Maputo.
AIM
Paulino Checo (PC) /sg