Maputo, 18 Out (AIM) – Centenas de pessoas renderam a última homenagem a Alice Mabota, activista social e defensora dos direitos humanos, um evento que teve lugar na manhã de hoje (18) nos Paços do Município de Maputo, na capital moçambicana.
Alice Mabota, que foi a enterrar no cemitério de Lhanguene, em Maputo, morreu quinta-feira última na África do Sul, vítima de doença.
Falando durante o evento, o vice-ministro de Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Filimão Suazi, disse que a morte da Alice Mabota deixa um vazio no povo moçambicano, principalmente naqueles que se inspiravam no seu legado.
“A sua partida deste mundo deixa um enorme vazio nos nossos corações, sobretudo nos seus seguidores que se expiram sempre no seu legado em prol da defesa dos direitos humanos”, disse.
Segundo Suazi, com o desaparecimento de Alice Mabota perde-se uma parceira directa nesta caminhada do activismo, pela preservação da dignidade da pessoa humana. Por isso, o governo moçambicano regista a colaboração que teve ao longo de vários anos e o seu contributo na causa dos direitos humanos.”
“Este momento deve servir para imortalizar e assegurar a continuidade dos seus ideais e no seguimento do seu legado nesta nossa pátria amada, pela perseverança e rompimento das barreiras do medo, pela sua frontalidade, pelo seu alto sentido de estar na defesa de suas convicções”, referiu.
Aliás, não é caso para menos pois o seu engajamento e dedicação na defesa dos direitos humanos tornaram-na numa activista exemplar contra todas as formas de injustiça social.”
O Presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), Luís Bitone, que participou no evento, destacou a vida e obra de Alice Mabota, cujo legado se confunde com o percurso histórico dos direitos humanos em Moçambique.
“O seu percurso histórico na área dos direitos humanos, confunde se com o percurso histórico dos direitos humanos em Moçambique. Foi ela que nos anos 90, com abertura do país ao multipartidarismo democrático, juntou alguns cidadãos voluntários para formarem o movimento nacional de promoção e protecção dos direitos humanos, disse Bitone.
“Nessa altura, falar de direitos humanos em Moçambique era um tabu. Por isso, é legítimo outorgar-lhe o título de fundadora do Movimento de Direitos Humanos em Moçambique”, acrescentou.
Já o representante da Rede Moçambicana dos Defensores dos Direitos Humanos e da Southern Defenders (RMDDH) Adriano Nuvunga, disse que Alice Mabote dedicou a sua vida na concretização dos direitos universais em defesa da dignidade humana.
“Não lamentemos pela morte da mãe dos direitos humanos, celebremos porque aconteceu o fenómeno Alice Mabota que se dedicou na concretização dos direitos universais defendendo a vida, a liberdade, confrontando opressões e estabelecendo-se como esteio da justiça no nosso país”, disse.
Alice Mabota nasceu no ano de 1949, em Maputo, onde se formou em direito pela Universidade Eduardo Mondlane.
Foi fundadora e presidente da Liga dos Direitos Humanos (LDH), a primeira organização independente do género em Moçambique e destacou-se como uma crítica e denunciante de violações dos direitos humanos.
A última aparição pública de Alice Mabota foi como advogada de defesa de um dos funcionários de uma casa de câmbios acusada pela justiça moçambicana de ter sido usada como veículo para a lavagem de dinheiro no caso “Dívidas Ocultas”.
(AIM)
ZT /sg