Maputo, 19 de Out (AIM) – A Conferência Episcopal de Moçambique, que reúne os bispos da Igreja Católica em Moçambique, adverte contra as irregularidades ocorridas durante as IV eleições autárquicas, de 11 de Outubro corrente, que apenas suscitam um alto grau de desconfiança e instabilidade social.
É face a este cenário que, segundo a Conferência Episcopal, surgem relatos e denúncias de ilícitos eleitorais, que datam desde o período da campanha eleitoral.
A Conferência Episcopal, que também foi parte dos observadores do processo eleitoral afirma que, no período referido, destacam-se entre as irregularidades mais comuns a destruição de material de propaganda política e confrontos físico-violentos entre os simpatizantes dos partidos políticos, casos que, no entender dos bispos, já deveriam ter sido ultrapassados.
A sua persistência, acrescentam os bispos, apenas “denunciam que ainda temos dificuldades de aceitar a diferença”.
Já na fase de votação, os bispos relatam, igualmente, irregularidades detectadas na votação, tais como boletins previamente preenchidos, bem como inconformidades entre a contagem e resultados pronunciados.
“Olhando para esse cenário, nós olhamos com bastante preocupação, porque a medida que se vão divulgado os resultados, nos parece que os níveis de incompreensão e tensão tendem a aumentar, enquanto deviam estar a diminuir”, disse Dom João Carlos, vice-presidente e porta-voz da Conferência Episcopal de Moçambique, em conferência de imprensa havida na manhã desta quinta-feira (19). O evento tinha como objectivo partilhar o posicionamento dos bispos.
A fonte sublinhou que, actualmente correm manifestações de descontentamento no seio do povo, que são expressas de diferentes maneiras.
Por isso, os bispos apelam que deveria prevalecer a paz como um valor supremo através do diálogo entre os diferentes intervenientes, incluindo o governo, órgãos eleitorais e organizações da sociedade civil.
Para o efeito, segundo os bispos, urge a reposição da legalidade baseada na verdade, até porque não é possível restaurar a legalidade sem a verdade.
“Então, que a força da lei seja a que dirima e ajude a superar todas as possíveis manipulações, que seja a partir da lei e não através de outros pressupostos”, disse Dom João Carlos.
Apelou aos órgãos eleitorais para que revejam, com responsabilidade e justiça, todo o processo de apuramento dos resultados, se caso disso for necessário.
“Isso garantiria que sejam, de facto, o reflexo da votação do povo expressa através do voto”, acrescentou.
As IV eleições autárquicas no país tiveram lugar a 11 do mês em curso. Os resultados da contagem intermédia apontam para a vitória da Frelimo, partido no poder, em 64 das 65 autarquias existentes no país.
(AIM)
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