Maputo, 25 de Out (AIM) – A vacina contra a malária (RTS’S) que vem sendo pesquisada há mais de 20 anos, em Moçambique, está pronta e é segura para ser administrada à população.
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O facto foi constatado após o término dos derradeiros ensaios pilotos, para aferir o risco da vacina durante a sua implementação no contexto real, fora do contexto do ensaio clínico.
A última fase da implementação piloto da vacina, administrada em quatro doses, ocorreu nos últimos cinco anos no Gana, Quénia e Malawi.
Contudo, aguarda-se por mais detalhes no relatório final da equipa encarregue de monitoria dos efeitos colaterais da vacina ainda este mês.
A garantia foi dada hoje, em entrevista à AIM, pela pesquisadora da Faculdade de Medicina, na Universidade Eduardo Mondlane, Esperança Sevene, que participou activamente dos ensaios da vacina da malária RTS´S no Centro de Investigação em Saúde da Manhiça, província de Maputo.
A fonte falava na antecâmara da realização da Conferência Internacional Sobre a Saúde Pública em África CPHIA-2023, a ter lugar entre os dias 27 a 30 de Novembro, na capital zambiana, Lusaca, sob o lema “Quebrando Barreiras e Reposicionando África na Arquitetura da Saúde Global”, fórum que, entre outros pontos, irá discutir a malária como doença endémica.
“Foi uma experiência interessante. O ensaio concluiu que a vacina é eficaz, aquela eficácia que nós vimos nos estudos prévios. Os efeitos adversos dectactados na fase três, foram monitorados nesta fase e também se concluiu que a vacina é segura para ser administrada”, referiu.
Segundo a fonte, os próximos passos, enquanto se administra a vacina, os países deverão continuar a monitorar como sucede com outras vacinas para controlar os padrões de segurança.
Como recomendação, todos os países que irão introduzir a vacina devem reforçar os seus sistemas de fármaco-vigilância para ver os eventos adversos pós vacinais obter mais informação.
“Portanto, já não vamos estar no ensaio onde os investigadores vão dar respostas. Estamos numa fase em que usamos a vacina normalmente e cada país é responsável de ir reportando qualquer anomalia”, avançou.
Explicou que a demora na introdução da vacina da malária estudada em Moçambique (RTS´S) foi devido aos processos de pesquisa para aferir a segurança e eficiência, pois levam muito tempo, diferente da vacina da Covid-19 que excepcionalmente beneficiou-se das plataformas mais rápidas de produção.
Segundo a pesquisadora, o contexto actual é considerado ideal para se aproveitar as plataformas mais flexíveis de produção de vacinas criadas no âmbito da COVID-19, para acelerar a produção de novas vacinas contra a malária, tuberculose e HIV Sida, que constituem maior preocupação para o continente.
De acordo com a fonte, Moçambique já concorreu para a introdução da vacina contra a malária no país. Para o efeito, o governo já aprovou a nova estratégia para o controlo da malária com duração de sete anos (2023-2030).
Porém, reconhece que a disponibilidade será uma limitante, tendo em conta que a nível global ainda não há doses suficientes.
(AIM)
Paulino Checo (PC)/dt