
Manifestacao pos-eleicoes na Cidade de Maputo. Foto de Ferhat Momade
Maputo, 27 Out (AIM) – A Renamo, o segundo maior partido da oposição em Moçambique, organizou uma marcha na manhã de hoje (27) em repúdio aos resultados das eleições de 11 de Outubro corrente, que acabou por degenerar em violência em Maputo.
Os resultados divulgados quinta-feira pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) dão vitória à Frelimo, partido no poder, em 64 das 65 autarquias em disputa.
Entretanto, a Renamo considera falsos os números apresentados pela CNE e por isso organizou uma marcha intitulada “Caravana vitoriosa do Resgate da Cidade de Maputo” e liderada por Venâncio Mondlane, seu cabeça de lista para a cidade de Maputo.
A marcha teve como ponto de partida a Praça dos Trabalhadores, na zona baixa da cidade de Maputo.
Na ocasião, o cabeça de lista da Renamo, Venâncio Mondlane, disse aos membros e simpatizantes do partido que aquele era o marco do início de manifestações consecutivas na capital.
“Hoje está a iniciar a revolução. De hoje em diante já não vamos fazer passeatas, agora em todos os bairros, ruas, distritos há manifestação todos os dias”, disse Mondlane aos milhares de manifestantes que se faziam presentes no local.
“O nosso objectivo não é destruir nada, é apenas de manifestar a nossa raiva e fúria de forma pacífica como a gente tem feito, mas se quiserem usar a força contra nós, vamos esmagá-los”, acrescentou.
Disse que a CNE sobrepôs-se às decisões tomadas pelos tribunais distritais da capital e anunciou os resultados eleitorais algo que para Mondlane, uma instituição de tal porte não é útil ao povo.
Exige também a demissão do quadro directivo do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) a nível da cidade capital.
Sobre a manifestação disse que se dirigia ao Conselho Constitucional (CC) para deixar claro aos juízes que se não agirem de acordo com a vontade do povo as próximas formas de manifestação não serão pacíficas.
“Hoje estamos a ir ao Conselho Constitucional. Não estamos a ir para destruir nenhum vidro, porque o CC já recebeu o nosso recurso e, por isso, vamos respeitar, a única coisa que vamos fazer é passar em frente ao CC para os juízes saberem que se decidirem contra o povo da próxima vez não vai ser pacífico” referiu.
Esclareceu que se dirige ao CC para “os juízes decidirem segundo a lei e segundo a vontade do povo”.
A marcha tinha como percurso as avenidas Guerra Popular, 24 de Julho para terminar no edifício do Conselho Constitucional. Porém, a mesma acabou por se degenerar em violência no cruzamento entre as avenidas 24 de Julho e Amílcar Cabral.
Foi precisamente neste local onde a Polícia da Republica de Moçambique (PRM) impediu os manifestantes de prosseguir com a sua marcha com o uso de material não letal, incluindo granadas de gás lacrimogéneo e balas de borracha.
A AIM sabe igualmente que em diferentes pontos da cidade pneus foram incendiados, contentores danificados, viaturas vandalizadas, postes de sinalização derrubados, entre outros danos diversos.
(AIM)
CC/sg