Maputo, 06 Nov (AIM) – A Comissão Técnico-Científica sobre Mudanças Climáticas de Moçambique (CTCMC) espera acções antecipadas das instituições do governo, não-governamentais, e das comunidades para travar o impacto das alterações climáticas que podem ocorrer durante a época chuvosa que iniciou em Outubro último.
O facto foi avançado pelo porta-voz da CTCMC, Genito Maúre, que espera ainda uma melhor preparação do subsistema moçambicano de redução do risco e desastres e de adaptação.
Maúre falava à jornalistas antes do início da 4ª sessão da CTCMC evento que teve lugar segunda-feira, em Maputo.
“Estamos a falar da água, da agricultura, de saúde, principalmente para aquelas doenças de veiculação hídrica, que muitas das vezes são associadas ao facto de termos entupidas as nossas valas de drenagem”, disse.
Ninguém pode parar a chuva por isso há que, segundo o porta-voz, as autoridades empenharem-se em efectuar limpeza das valas de drenagem e, com essas acções “provavelmente teremos menos casos de cólera, e outros males”.
Previsões da época chuvosa 2023-2024, já em curso, apontam para a ocorrência de chuvas abaixo do normal, na zona sul, e parte sul da zona centro do país, e chuvas normais com tendência para acima do normal na zona norte, e a norte da zona centro do país, bem como o risco de cheias nas principais bacias hidrográficas.
A previsão prevê também o fenómeno El-Nino que é acompanhado de seca e estiagem, sobretudo para a zona sul.
O Plano Nacional de Contingência, documento vital para a prevenção e mitigação do impacto de eventos extremos, deverá ser aprovado brevemente pelo Conselho de Ministros e está calculado em cerca de 203 milhões de dólares.
A previsão sazonal, de acordo com Maúre, é a base para a elaboração do Plano de Contingência, sendo para o efeito necessário o levantamento da localização das pessoas e dos bens públicos e privados a serem afectados.
“Desenvolver um Plano de Contingência que é multissectorial requer contribuições de todos os sectores e é o resultado da emissão de uma previsão sazonal”, disse, assegurando que a orçamentação do Plano depende, sobretudo, da previsão sazonal.
Durante a sessão, o presidente da CTCMC, Mateus Magala, exigiu que o Plano englobe mais serviços como forma de aglutinar as previsões sazonais delineadas.
Magala, que também é ministro dos Transportes e Comunicações, apontou como exemplo, o Serviço Cívico de Moçambique (SCM) um ramo das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, que esteve na vanguarda para reabilitação do aeroporto de Mocímboa da Praia, província setentrional de Cabo Delgado.
O aeroporto esteve inoperacional desde 2017, altura que foi atacada pelos terroristas.
Por isso, Magala apelou a Comissão a ser diferente das outras existentes, no país, como forma de alcançar os seus objectivos que se resumem em prestar uma assessoria técnica ao governo, para reforçar as medidas institucionais de prevenção, mitigação e resposta aos impactos negativos dos eventos climáticos extremos.
“Esta comissão é boa e a iniciativa é aplaudida e louvável. Há muita expectativa mas não é para fazermos a mesma conversa em todas as reuniões. Temos que ter uma diferença, e caso não notarmos nenhuma diferença, necessitamos de avaliar alguma coisa”, afirmou.
(AIM)
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