
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi (a direita) e seu homólogo do Zimbabwe Emmerson Mnangagwa (no segundo plano a esquerda), na inauguração do comboio de passageiros que liga a cidade da Beira e posto administrativo de Machipanda, que faz fronteira com o Zimbabwe
Machipanda (Moçambique), 23 Nov (AIM) – O comboio de passageiros voltou hoje (23) a circular na linha férrea que liga a cidade portuária da Beira, capital da província central de Sofala, ao posto administrativo de Machipanda, que faz fronteira com o Zimbabwe.
A cerimónia, que teve lugar em Machipanda, província central de Manica, foi dirigida pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi e seu homólogo do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa.
Volvidos 26 anos, o comboio especial E2221 dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) voltou a apitar quando eram 10h25 desta quinta-feira, na vila de Manica, fazendo o percurso até à fronteira de Machipanda. Nyusi e Mnangagwa foram os primeiros passageiros, acompanhados de membros do governo, jornalistas e outro pessoal de apoio dos dois países.
A linha férrea Beira-Machipanda reabilitada possui uma extensão total de 317 quilómetros e as obras estão orçadas em 200 milhões de dólares, tendo iniciado em Agosto de 2019.
O seu término tinha sido previsto para Novembro de 2021. Porém, acabaram sofrendo um adiamento devido a pandemia da Covid-19, tenso sido concluídas.
A viagem num troço de 22 quilómetros, teve a duração de cerca de uma hora a velocidade média entre 40 a 80 quilómetros por hora.
A intervenção consistiu na substituição de materiais como carris, travessas e respectivas fixações na linha principal e linhas secundárias, balastragem, nivelamento e ataque, reabilitação de estações ferroviárias.
A infra-estrutura vai dinamizar a região da África Austral, incrementar o escoamento da carga pela linha de 600 mil toneladas para 3,5 milhões por ano.
Aliás, o meio vem solucionar o problema de transporte para a população.
Nyusi disse que a tarifa do comboio de passageiros será acessível e vai permitir que as pessoas viagem de forma mais barata e segura.
A linha vai contribuir para o crescimento económico de Moçambique, Zimbabwe e outros países da região da África Austral.
“A reabilitação destas infra-estruturas coloca Moçambique numa vantagem estratégica na transacção de produtos para os países do interior” sublinhou o estadista moçambicano.
Disse que o porto da Beira manuseia cerca de 11,2 milhões de toneladas de carga métrica, para alguns países da região, agregando valores na economia do país.
“Na linha de Machipanda, que hoje anunciamos oficialmente concluída, poderá ser usada para o transporte de calcário, combustível, açúcar, e três outros produtos. É orgulho dos moçambicanos ver a linha férrea reabilitada porque facilitará a circulação de pessoas e bens. Das 18 toneladas por eixo passa para 20 toneladas. Estou a falar para o mundo. Saber que temos essa capacidade”, disse Nyusi.
“A linha está pronta para receber e manusear carga diversa. A par do movimento da linha, um dos resultados imediatos da reabilitação desta infra-estrutura é a retoma do comboio de passageiros. Vai promover o turismo. O comboio não veio concorrer com outros meios de transporte. Vem apenas ajudar a população, na maioria desfavorecida”, destacou.
Mnangagwa, por seu turno, afirma que a reinauguração da linha férrea e a reintrodução do comboio de passageiros é mais uma etapa na história e solidariedade dos dois povos, pois sela as relações de irmandade de dezenas de anos.
“A reabilitação e reconstrução bem sucedida da linha férrea mostra a preocupação que o governo tem para resolver os problemas da população. Hoje, os dois povos podem estar ligados através da linha férrea, facilitando, desta forma, as trocas comerciais. Moçambique nunca os abandonou nas sanções que fomos impostos quando estávamos a reivindicar as nossas terras”, disse o estadista zimbabweano.
“Hoje estamos a recuperar pouco a pouco graças a boa vizinhança com Moçambique. Todos sabemos que um país só pode ser construído pelo seu povo. Senti o orgulho em ver que são os próprios moçambicanos que constroem o seu país. Este é um exemplo que levamos para o Zimbabwe”.
Sublinhou que os africanos devem contribuir com o seu saber para o seu país e “fico impressionado por vez os moçambicanos, liderados pelo Presidente Filipe Nyusi, a transformar o seu país”.
“Esta linha férrea vai aumentar a capacidade de manuseamento de carga, transformando em realidade a visão de integração regional na SADC. Muita carga poderá circular de e para os países do interland, melhorando a qualidade de vida dos povos”, acrescentou Mnangagwa.
(AIM)
NM/sg