Lusaka, 27 Nov (AIM) – As alterações climáticas, que se verificam nos últimos tempos, devido ao aumento de temperaturas, estão a propiciar a propagação dos vectores transmissores de doenças em regiões anteriormente não afectadas.
Como resultado regista-se o aumento da prevalência de doenças como a malária, febre do dengue, cólera, entre outras.
Por exemplo, em 2022 foram registados mais de 238.000 casos de cólera e 4.327 mortes em 15 países africanos, um dos piores surtos a atingir o continente nos últimos anos, fenómeno que os cientistas atribuem as inundações, secas, ciclones e outros eventos extremos.
A situação exige das lideranças africanas medidas mais arrojadas e urgentes para reforçar a preparação e a resposta dos países, num contexto em que as vulnerabilidades revelam uma tendência crescente.
Essas constatações surgem na véspera da Cop28, evento que terá lugar em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde os líderes africanos serão chamados a apresentar sua posição sobre as mudanças climáticas, incluindo Moçambique que se representar ao mais alto nível, pelo chefe do Estado, Filipe Nyusi.
Esta visão constituiu o denominador comum em vários debates realizados hoje, na capital zambiana Lusaka, na abertura da conferência Internacional sobre a Saúde Pública em África (CPHIA2023). O evento, de quatro dias, junta mais de cinco mil delegados de vários cantos do mundo, para discutir abordagem comum sobre saúde no continente.
O director geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, galardoado hoje durante a abertura do CPHIA2023, pelo Centro de Controlo de Doenças em África (AFRICA CDC), como líder em saúde pública no continente, disse que a única alternativa é investir mais em Infra-estruturas de saúde adaptadas resilientes as mudanças climáticas.
Para o timoneiro da OMS, o desafio exige a criação da capacidade interna, chamando os governos a encarar com seriedade o problema, pois caso seja ignorado, pode ser ainda mais grave que o impacto da Covid-19.
“Deve haver promoção de investimentos no sector da saúde. África precisa de sistemas de saúde resilientes. Este é o memento certo para uma acção nesse sentido”, disse o director-geral da OMS.
Reconheceu o trabalho notório realizado pela AFRICA CDC no controlo de doenças, citando como exemplo as campanhas de vacinação que a organização leva a cabo no continente, no sentido de continuar a melhorar a saúde das populações, sobretudo, crianças e mulheres grávidas, que são as camadas sociais mais vulneráveis.
Numa cerimónia dirigida pelo estadista zambiano, Hakainde Hichilema, para além de reconhecer o trabalho realizado pelo Director da OMS em África, também reconheceu os esforços levados a cabo pela AFRICA CDC, tanto no seu país, como na região, como forma de lutar contra surtos e epidemias.
Segundo Hichilema, as mudanças climáticas constituem uma barreira para o provimento de serviços de saúde de qualidade, no entanto, refere que, mesmo assim, o seu país tem intensificado a implementação dos programas de saúde, com o apoio da AFRICA CDC.
“Estamos a implementar vários programas na área de saúde, com destaque para o investimento em infra-estruturas adequadas a realidade actual”, disse Hakainde Hichilema.
Assegurou que o seu país encara com especial atenção a saúde materno infantil, priorizando as campanhas de vacinação, como forma de combater pandemias e outras doenças que afligem o seu país, bem como o continente.
Por sua vez, o Director-geral de AFRICA CDC, Jean Kaseya, disse que a instituição está a lutar para quebrar barreiras e reposicionar o continente na rota da saúde pública a nível global. Para o efeito, a AFRICA CDC está acelerar discussões no sentido de mobilizar investimentos para a criação de uma indústria local capaz de produzir vacinas e outros medicamentos para suprir as necessidades do continente.
Moçambique faz-se representar por organizações que actuam no sector da saúde, estudantes e académicos.
(AIM)
Paulino Checo (PC)/sg