
Lusaka, 29 Nov (AIM) – África enfrenta mais de 100 surtos de doenças todos os anos, o que se traduz numa média de dois surtos por semana, segundo uma constatação da Conferência Internacional Sobre Saúde Pública CPHIA 2023, que arrancou segunda-feira, em Lusaka (Zâmbia), com duração de quatro dias.
O fenómeno é comprovado pelo surgimento da varíola dos macacos e a febre de Lassa, entre outros, que representam sérias ameaças aos já sobrecarregados sistemas de saúde e as economias africanas.
Só nos últimos 30 anos, mais de 30 patologias emergiram, dos quais 75 por cento tem origem animal, 90 por cento de identidade e 70 por cento trata-se de doenças zoológicas.
A quantidade de surtos que emergem em África, obriga o continente a adoptar a prevenção, preparação e resposta à pandemia, como a principal prioridade para a União Africana, através do Centro para o Controlo e Prevenção de Doença em África (África CDC).
“Neste momento, os países africanos ainda não estão preparados para lidar com doenças emergentes. África é a região mais vulnerável a ameaças de pandemias”, disse Senait Fisseha, co-presidente do CPHIA 2023 e Vice-presidente de Programas Globais, Susan Thompson Buffett Foundation (STBF).
O fenómeno pode estar ligado ao facto de o continente ser desproporcionalmente afectado por doenças ligadas às alterações climáticas, havendo estudos que demonstram que entre 2001 e 2021, 56 por cento dos eventos de saúde pública na região africana estavam relacionados com o clima, inundações, ciclones, seca e fome e temperaturas extremas.
Dada a magnitude da ameaça, multiplicam-se apelos aos líderes globais, muitos dos quais se reunirão na COP28, para que assumam a responsabilidade pelas suas contribuições para as alterações climáticas, dada a ligação entre as alterações climáticas e emergência de surtos no continente.
Como medida para fazer face a emergência de surtos no continente e não só, a África CDC concebeu, há dois anos, um mecanismo denominado, Nova Ordem de Saúde Pública de África, instrumento que traça um caminho para melhorar os resultados de saúde e reforçar a segurança sanitária, através da colaboração multi-sectorial, liderança local e inovação.
O mecanismo é baseado em cinco pilares, nomeadamente, Instituições de saúde pública fortalecidas, fortalecimento da força de trabalho em saúde pública, expansão da fabricação de vacinas, diagnósticos e terapêuticas, aumento dos recursos internos para a segurança sanitária e parcerias orientadas para a acção.
“Trabalhando em conjunto, temos potencial para construir sistemas de saúde mais resilientes; reforçar os esforços de preparação e resposta às emergências sanitárias; reforçar a capacidade de produção local de vacinas, diagnósticos e outros produtos médicos; e promover a cobertura universal de saúde em todo o continente”, garantiu a fonte do África CDC.
A Nova Ordem de Saúde Pública inclui 232 decisores políticos africanos, cientistas, especialistas em saúde pública, especialistas em dados e representantes da sociedade civil que apresentaram as mais recentes aprendizagens e investigações da pandemia da COVID-19, bem como as ações necessárias para melhor proteger contra crises de saúde actuais e futuras.
(AIM)
Paulino Checo (PC)/dt