Maputo, 29 Nov (AIM) – O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique (BM) decidiu, hoje, manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 17,25 por cento.
A decisão, segundo um comunicado do BM enviado hoje à AIM, é sustentada pelo surgimento de novos riscos e incertezas associados às projecções da inflação, com destaque para o potencial impacto do actual conflito no Médio Oriente sobre os preços internacionais de combustíveis e alimentos.
“Os riscos e incertezas subjacentes às projecções da inflação continuam a agravar-se. A nível interno, prevalecem a pressão sobre as finanças públicas e as incertezas quanto à evolução e efeitos de eventos climáticos extremos”, indica o comunicado.
“Na envolvente externa, para além do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, destacam-se as incertezas quanto ao prolongamento e alastramento do actual conflito no Médio Oriente e os seus impactos sobre os preços internacionais do petróleo e de bens alimentares”, acrescenta.
Contudo, o BM anota que as perspectivas da inflação se mantêm em um dígito no médio prazo, reflectindo, sobretudo, a estabilidade do Metical, moeda nacional, e o impacto das medidas que vêm sendo tomadas pelo CPMO.
Em Outubro de 2023, de acordo com o documento, a inflação anual aumentou para 4,8 por cento, depois de 4,6 por cento em Setembro.
“Esta evolução é explicada, fundamentalmente, pelo aumento dos preços de bens alimentares e bebidas alcoólicas. A inflação subjacente, que exclui as frutas e vegetais e bens com preços administrados, também aumentou”, explica.
Para o médio prazo, excluindo o gás natural liquefeito (GNL), de acordo com o BM, perspectiva-se a manutenção de um crescimento económico moderado.
No terceiro trimestre de 2023, excluindo o GNL, estima-se que o produto interno bruto (PIB) tenha crescido 3,3 por cento, depois de 3,1 por cento no trimestre anterior.
Incluindo o GNL, o crescimento do PIB acelerou para 5,9 por cento, após 4,7 por cento.
“No médio prazo antevê-se que a actividade económica, excluindo a produção de GNL, continuará a recuperar, não obstante as incertezas associadas aos impactos dos prováveis eventos climáticos na produção agrícola e em infra-estruturas diversas. Entretanto, a indústria extractiva continuará a contribuir para a aceleração do crescimento económico”, aponta.
O Banco Central adverte que a pressão sobre o endividamento público interno continua a aumentar.
Assim, o endividamento público interno, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 334,4 mil milhões de meticais (um dólar vale pouco mais de 63 meticais ao câmbio oficial), o que representa um aumento de 59,3 mil milhões de meticais em relação a Dezembro de 2022.
“O CPMO continuará a monitorar a evolução dos riscos e incertezas associados às projecções da inflação, e tomará as medidas que se mostrarem adequadas ao contexto”, garante.
A próxima reunião ordinária do CPMO está marcada para 31 de Janeiro de 2024.
(AIM)
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