
Antigo ministro da Saúde de Moçambique, Francisco Songane
Lusaka, 30 Nov (AIM) – O antigo ministro da Saúde de Moçambique, Francisco Songane, defende uma maior colaboração e coordenação entre os sectores da saúde e ambiente, bem como outros actores relevantes para a busca de melhores soluções com vista a proteger os sistemas de saúde e mitigar o impacto negativo das mudanças climáticas.
Songane, que actualmente trabalha para uma entidade ligada a Organização Mundial de Saúde (OMS), baseada em Genebra, Suíça, defende que as autoridades sanitárias, incluindo o Instituto Nacional de Saúde, devem liderar o processo face a sua complexidade como foi aparente nos ciclones Idai, Keneth, Freddy, entre outros eventos extremos que abalaram Moçambique nos últimos anos.
“O Ministério da Saúde e o Instituto Nacional da Saúde de Moçambique devem firmar parceria de colaboração em investigação com o instituto Nacional de Meteorologia, o Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Ambiente e outros intervenientes chaves, para a busca de soluções científicas e inovadores para mitigar os efeitos das mudanças climáticas sobre os sistemas de saúde”, disse Songane à AIM, na capital zambiana Lusaka, a margem da Conferência Internacional de Saúde Pública em África (CPHIA2023), evento organizado pela União Africana e o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças de África (AFRICA CDC).
Segundo Songane, o sector de saúde sofre consequências das mudanças climáticas porque afectam as pessoas e criam condições para a eclosão de epidemias, embora os factores determinantes para a ocorrência de desastres sejam exógenos.
Mesmo assim, entende que a saúde desempenha um papel relevante no processo dada a transversalidade da problemática das mudanças climáticas e tendo em conta as fragilidades que os sistemas de saúde em Moçambique enfrentam.
Defende que o país deve fazer mais investimentos na construção de barragens, como solução para controlar as cheias que propiciam o surgimento de surtos que colocam em causa a saúde.
“Por exemplo, nem sempre a chuva deve resultar em cheias, pois já há mecanismos para evitar isso, como a construção de barragens para retenção de água”, frisou a fonte.
Saudou a conferência de saúde pública, pelo facto de ser um evento realizado em África, concebido por africanos e para africanos, que se tornou no principal ponto de encontro para a saúde pública em África, atraindo líderes de todo o continente e do mundo para discutir a saúde no continente.
“Aqui discutem-se desafios, inovações, ciência de ponta e políticas que salvam vidas”, referiu.
Lamentou a fraca participação de Moçambique, bem como da lusofonia, exortando para que tenham uma presença mais ampla e robusta nas conferencias internacionais, dado o excelente trabalho desenvolvido pelo país nas áreas de pesquisa, formação, inovação e soluções locais para os problemas.
Refira-se que o CPHI2023 é um espaço de convergência da ciência que reuniu mais de 200 conceituados palestrantes. Durante o evento, também foram apresentados 400 resumos científicos em nove áreas científicas, incluindo avanço da produção local de produtos de saúde, inovação digital e liderança das mulheres.
(AIM)
PC/sg