Machaze (Moçambique) 30 Nov (AIM) – Pelo menos 536 mulheres e raparigas foram vítimas de violências nos últimos nove meses na província de Manica, centro de Moçambique.
Segundo a directora provincial de Gênero, Criança e Acção Social, Ema Catana, a cifra representa uma redução em 38,11 por cento, quando comparada com o igual período do ano passado (2022), em que houve o registo de 866 vítimas.
A directora anunciou estes números no lançamento, esta quinta-feira, em Machaze, sul da província, dos 16 dias de activismo sobre a violência praticada contra mulheres e raparigas, que decorre sob o lema: “Vamos todos prevenir a Violência contra Mulheres e Raparigas”.
Ema Catana explicou que a redução de casos de violência baseada no gênero surge em resposta ao trabalho desenvolvido pelo sector de gênero, criança e acção social, com o envolvimento da comunidade.
“Fazemos campanhas de sensibilização contra estes males e, gradualmente, vemos resultados animadores porque a população está a colaborar, para evitar qualquer tipo de violência”, disse.
Para a fonte, a campanha constitui um momento para consciencializar as comunidades sobre os danos que a violência pode causar à mulher e a rapariga.
“É o momento de reforçarmos as acções de prevenção e combate a violência por ser um mal que traz danos de vária ordem na vida da pessoa, em particular a mulher e a rapariga”, acrescentou.
Disse que o governo e parceiros têm estado a levar a cabo várias actividades que concorrem para a promoção da igualdade de gênero, empoderamento e fortalecimento económico das mulheres, bem como a prevenção e mitigação da violência.
“Este ano, assistimos 536 pessoas vítimas de violência baseada no gênero. Esse número mostra uma redução quando comparado com os nove meses de 2022. Também tivemos 284 casos de violências contra menores, 301 contra mulheres, um contra a pessoa idosa e outras 50 contra homens”, referiu.
Como medida para mitigar estes males, Catana afirmou que estão a ser implantados centros de atendimento integrado para as vítimas de violência, tendo sido inaugurado um, este ano, na cidade de Chimoio, que já atendeu mais de 90 vítimas.
“Outras obras estão a ser implantadas no distrito de Mossurize e já estão na fase de conclusão. Acreditamos que, até princípios do próximo ano (2024), entrarão em funcionamento”, disse.
Explicou que a reintegração de 208 crianças vítimas de uniões prematuras nas escolas, palestras, debates para divulgação da legislação sobre os direitos da mulher, combate e prevenção das uniões prematuras, fazem parte do rol das actividades do sector.
Ainda no âmbito de combate à violência baseada no gênero, a fonte contou que a sua instituição capacitou mulheres e raparigas em matéria de empreendedorismo e gestão de negócios, apoio com kits de geração de renda e de carpintaria para que tenham autonomia financeira em suas vidas e no seio das famílias.
Reconheceu que a dinâmica do desenvolvimento de Moçambique e, em particular, da província de Manica, depende do envolvimento da mulher dentro da família e na sociedade.
Por isso, segundo Catana, todos são chamados a fazer uma reflexão não só em torno da violência, mas sim na celebração dos ganhos que Moçambique já alcançou, na promoção dos direitos da mulher e da rapariga.
“Temos exemplos de mulheres que estão em lugares de tomada de decisão, mulheres que influenciam outras mulheres. São grandes ganhos que o país regista, tendo em contas os desafios e elas expostas”, afirmou.
“É nossa expectativa continuar a massificar a integração e empoderar a mulher e a rapariga em diversos programas econômico com o fim único de promover a economia local e o seu bem-estar, levando-a a liderar os processos da sua emancipação e integração nas relações de gênero com o apoio de todos”, encorajou.
Desafiou as lideranças influentes a serem os principais promotores de acções em prol do bem-estar da mulher e da rapariga na comunidade.
“A denúncia às autoridades competentes de casos de violência e o comprometimento na educação dos seus filhos, em particular as raparigas, deve ser uma tarefa de todos os moçambicanos”, vincou.
Várias palestras marcarão os 16 dias de activismo sobre violência praticada contra mulheres e raparigas.
As actividades surgem em cumprimento dos compromissos internacionais acordados em 1991 por mulheres de diferentes países reunidas pelo centro de liderança global de Mulheres, nos Estados Unidos da América, pelo fim da violência contra mulheres e raparigas.
Desfile, discursos, partidas de futebol, lareiras e outras actividades coloriram a festa de abertura da quinzena, onde estiveram representadas várias organizações governamentais e não governamentais, políticos, líderes comunitários, religiosos e outros segmentos da sociedade.
(AIM)
Nestor Magado (NM)/dt