Eleicoes autarquicas, votacao. Foto de Ferhat Momade.
Nacala, 09 Dez (AIM) – A Comissão Distrital de Eleições (CDE) da cidade de Nacala-Porto, autarquia onde o Conselho Constitucional (CC) decidiu anular e mandar repetir a eleição em dois Postos de Votação, assegura que está tudo aposto para o sufrágio deste domingo (10), mas a Renamo a nível local, contínua a rejeitar a repetição.
Em contacto com a AIM, o presidente da CDE, Gaspar Luante, garantiu que está tudo acautelado para que cerca de 12.893 eleitores exerçam o seu dever cívico.
As escaramuças havidas a 11 de Outubro impediram que houvesse contagem de votos em 19 mesas em dois postos de votação, nomeadamente, Murupelane e Cristo é Vida.
De acordo com a CDE, inclusive na Escola Primária Completa de Murupelane, que há dias foi incendiada por indivíduos desconhecidos, as condições já estão criadas para que as nove mesas de voto possam funcionar em pleno no domingo.
“Tudo está aposto para o processo de votação amanhã [domingo]. O material já está a ser alocado e o ambiente é calmo. Estamos seguros que a votação vai acontecer num ambiente calmo,” garantiu o presidente da CDE.
Enquanto a CDE está optimista em relação a repetição da votação, a Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, na pessoa do seu Cabeça de Lista, Raúl Novinte, rejeita o escrutínio de domingo (10), por entender que a repetição deveria ocorrer em toda a autarquia.
Na óptica de Novinte, em todo o município houve fraude generalizada durante o escrutínio de 11 de Outubro.
Os resultados já divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) colocam a Frelimo, o partido no poder, como vencedora.
No entanto, Novinte disse que se a população de Nacala-Porto quiser ir as urnas, pode o fazer, mas ele não concorda com o processo, por alegadamente tratar-se de uma farsa.
“Nós continuamos a rejeitar essa repetição em alguns postos de votação. O CC devia mandar repetir a eleição em toda autarquia. Não aceitamos essa repetição em duas assembleias, mas sim em toda a cidade”, vincou.
Novinte confirmou ter sido ouvido sexta-feira (8) pela Procuradoria Distrital de Nacala-Porto.
O cabeça de lista da Renamo foi notificado junto com o seu assessor de comunicação, Arlindo Chissale, para serem submetidos a “interrogatórios de arguidos não presos” do processo número 1154/0317/P/2023.
A fonte da Renamo diz que foi acusado de incitação a violência, a nível da cidade de Nacala-Porto, no âmbito das manifestações que tem sido ciclicamente por si convocadas em repúdio aos resultados anunciados que dão vitória a Frelimo, e, consequentemente, colocando Faruk Ruro, como próximo edil de Nacala.
“Fui perguntado sobre incitação a violência, eu não incitei a violência. Eu convoquei marchas pacíficas de repúdio aos resultados fraudulentos. Qualquer lei que não favoreça o povo, essa lei é uma injustiça,” disse.
“Eu não posso calar perante essa situação. Sou porta-voz do povo e estou a expressar esses sentimentos. Estas eleições foram fraudulentas”, disse Novinte, falando hoje à imprensa.
Ainda na tarde deste domingo, a Renamo, a nível de Nacala-Porto, esteve reunida com a delegada provincial, um encontro a que a imprensa foi negada acesso, daí que não se sabe nada das decisões tomadas.
Apesar da crispação entre a Renamo e os órgãos eleitorais, um dia antes da repetição de votação nas Assembleias de Voto indicadas pelo CC, o ambiente nos bairros de Murupelane e arredores da escola Cristo é Vida é de relativa acalmia.
No entanto, as experiências anteriores de processos de votação nesta autarquia deixam antever alguma agitação que pode aumentar o risco de violência pós-eleitoral.
Refira-se que, independentemente dos resultados que saírem da repetição nas mesas de voto em questão, não poderão tirar a Frelimo da primeira posição.
No entanto, podem mudar o xadrez da composição em termos de mandatos na Assembleia Municipal, razão pela qual a Renamo não está muito animada com o processo.
(AIM)
PC/mz
