
Nacala, 12 de Dez (AIM) – A Procuradoria Distrital de Nacala-Porto, província de Nampula, zona norte, aperta o cerco ao cabeça-de-lista da Renamo, na autarquia de Nacala-Porto, Raúl Novinte, por alegadas atitudes de incitação à violência desde o anúncio de resultados desfavoráveis ao seu partido no escrutínio de 11 de Outubro e na repetição de 10 de Dezembro.
Segundo informações de que AIM teve acesso hoje de autoridades competentes, correm trâmites legais mais de 10 processos contra Raúl Novinte e alguns membros da Renamo mais próximos a ele, um dos quais seu assessor de comunicação, Arlindo Chissale.
Nos autos lavrados pelas autoridades policiais consta que Raúl Novinte é autor moral das manifestações violentas que ocorreram na cidade portuária de Nacala, desde o anúncio dos resultados desfavoráveis à Renamo depois da eleição de dia 11 de Outubro.
A polícia imputa, ao cabeça-de-lista da Renamo, responsabilidade sobre os danos materiais causados pelos seus membros durante as marchas que tomaram condão violento em Nacala.
Dos processos em alusão, Novinte pelo menos já foi ouvido em processo número 1154/0317/P/2023, pela Procuradoria Distrital de Nacala-Porto, relativo às manifestações e à escola incendiada nas vésperas da repetição de votação, aguardando acusação formal para responder em juízo em um tribunal judicial.
Na mesma situação está o seu assessor, Arlindo Chissale, este último, também ouvido sobre seu alegado envolvimento em outros crimes de incitação à violência.
Para além de processos ligados a processos eleitorais, Novinte também vai enfrentar a justiça, devido a um crime de desinformação sobre cólera que culminou com a queima de residências de membros da Frelimo e líderes de estruturas de bairros.
Entretanto, ainda sobre estas acusações, o cabeça-de-lista da Renamo disse, segunda-feira, à imprensa que negou todas as acusações feitas pelas autoridades, principalmente, a de incitação à violência, alegando estar a ser o mensageiro do povo.
“Fui ouvido pela procuradoria. Disseram-me que estou a incitar a violência, eu não incitei à violência, as marchas que liderei foram pacíficas. O povo está a rejeitar os resultados e eu apenas sou porta-voz do povo. Agi em nome do povo. Foi me perguntado também sobre o incêndio na escola, mas eu disse que quando isso aconteceu eu estava em Maputo”, disse Novinte.
Ainda em relação ao mesmo assunto, a Procuradoria Distrital de Nacala mandou soltar, terça-feira (11) nove arguidos presos, membros da Renamo, também acusados de incitação à violência, alegadamente por não terem sido cumpridas formalidades para a prisão preventiva, permanecendo apenas sob custódia policial cinco membros daquela formação política, acusados de terem ligação com o incêndio que deflagrou na Escola Primária de Murrupelane, dois dias antes da repetição da votação.
A Renamo já reagiu através de um comunicado à soltura dos seus membros, chamando-os de prisioneiros políticos, já que, na sua óptica, a única razão para as detenções é pelo facto de pertencerem à Renamo.
“Mandaram soltar presos políticos de Nacala, que foram capturados nas suas residências, por serem da Renamo. Essas capturas foram feitas pela polícia em coordenação com o governo do Distrito. Munidos de armas de fogo, com viaturas da polícia e sem mandato de captura, espancaram e levaram-nos para as celas de Muzuane, onde ficaram quatro dias”, lê-se na nota.
Os membros da Renamo soltos ainda terão que responder pelos crimes que são acusados, incluindo os que aguardam pela legalização da detenção.
(AIM)
Paulino Checo (PC)/dt