Maputo, 01 Jan (AIM) – Os moçambicanos celebram hoje o primeiro dia do ano de 2924, com um apelos do Bispo da Diocese de Pemba, Dom António Juliasse, para mais seriedade no combate ao terrorismo, que afecta a província de Cabo Delgado desde Outubro de 2017.
A data coincide com o 47º aniversário do Dia Mundial da Paz, efeméride que se celebra no mundo inteiro.
Segundo o Bispo da Diocese de Pemba, que falava na homilia do Dia da Paz, disse que existe um certo conformismo por parte da sociedade com relação ao terrorismo que aflige os residentes de Cabo Delgado, província do norte de Moçambique.
Advertiu que este conformismo é perigoso, pois pode prolongar a guerra nesta província.
Desde Outubro de 2017 que Cabo Delgado é alvo de ataques terroristas que já provocaram a morte de mais de três mil cidadãos, bem como a fuga de mais de 900 mil pessoas que foram procurar abrigo em locais mais seguros, desencadeando uma crise humanitária.
Citado pela Rádio Moçambique, emissora nacional, Juliasse explicou que existe o risco de os moçambicanos se conformarem com a situação e começarem a dizer que o terrorismo é assim que actua e todos os cidadãos começarem a encarar como se fosse algo normal, uma atitude que pode acabar domesticando a guerra.
Frisou que o discurso não pode ser “o terrorismo é assim mesmo e que só temos de fazer um esforço para controlar”.
Se assim for, advertiu Juliasse, “vamos hipotecar todas as possibilidade de progresso de um povo e também colocar em risco as liberdades e direitos humanos com esta palavra de controlar”.
“É preciso lutar contra o terrorismo. É preciso enfrentá-lo para que ele não se torne num sistema endémico com picos de ataques, mas em algo que possa ser aceite, que possa chegar ao fim, para que o povo volte a viver a sua liberdade e sonhar para que o progresso e desenvolvimento volte a acontecer no nosso país e em particular aqui em Cabo Delgado” acrescentou.
O Bispo da Diocese de Pemba frisa que as armas não podem ser o único caminho para a solução do problema, razão pela qual urge encontrar outras vias conducente a paz definitiva.
“A via das armas não é a única para encontrarmos a paz. Pode ser uma via também necessária, mas não devemos ficar só nisto, não devemos desanimar é preciso ir mais além e explorar vários outros caminhos, inclusivamente o caminho do diálogo para que possamos encontrar definitivamente a paz para o nosso povo, a paz para Moçambique”, sublinhou.
Refira-se que as despesas ligadas à segurança nacional para fazer face ao extremismo violento na província de Cabo Delgado, no norte, custaram ao Estado moçambicano cerca de 106,8 bilhões de meticais, (1,7 bilhões de dólares) no período compreendido entre 2018 e 2022.
Nos últimos meses regista-se um ambiente tranquilo na maior dos distritos de Cabo Delgado, que se deve ao esforço empreendido pelas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FDS) apoiadas por um contingente militar da Força de Defesa do Ruanda e pela Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM, sigla em inglês).
(AIM)
sg