Maputo, 04 Jan (AIM) – O sector privado registou um abrandamento da actividade económica no último trimestre de 2023, em Moçambique, revelam os dados do inquérito Purchasing Managers’ Index (PMI) do Standard Bank.
O banco explica que o principal valor calculado pelo inquérito é o PMI, onde Indicadores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições das empresas no mês anterior, ao passo que indicadores abaixo de 50,0 mostram uma deterioração.
No caso vertente, “o último indicador do PMI de 48,4 colocou o sector privado moçambicano em zona de contracção, pelo segundo mês consecutivo, em Dezembro. O índice baixou de 49,6 em Novembro, atingindo o indicador mais baixo dos últimos 11 meses”.
Os níveis de actividade e de compras continuaram a diminuir, conduzindo à maior redução de stocks desde Julho. Como resultado, as empresas viram os volumes da carteira de encomendas a caírem para território negativo.
Como nota positiva, o banco refere que a procura mais fraca de meios de produção ajudou os fornecedores a entregarem os artigos mais rapidamente, mantendo ao mesmo tempo as pressões relativas aos custos baixas, apesar do primeiro aumento dos preços dos meios de produção em três meses.
Os últimos dados do inquérito revelaram uma queda nos volumes de vendas pela primeira vez em quase um ano. As empresas observaram que o poder de compra dos clientes enfraqueceu devido ao aumento das taxas de juro, embora a taxa de declínio das novas encomendas tenha sido, em geral, apenas ligeira.
As pressões inflacionárias no sector privado moçambicano mantiveram-se bastante baixas no final do quarto trimestre.
No entanto, uma nova aceleração dos preços de aquisição significou que os custos médios dos meios de produção aumentaram pela primeira vez em três meses.
Os salários também subiram, depois da estagnação geral em Novembro, com as empresas a perceberem que um ligeiro aumento dos níveis de emprego exerceu pressão sobre os custos com a mão de obra.
No entanto, a taxa de inflação dos preços de venda abrandou pelo segundo mês consecutivo, atingindo o valor mais baixo desde Maio. Enquanto algumas empresas aumentaram os seus preços devido aos custos mais elevados dos meios de produção e a questões cambiais, outras ofereceram descontos aos seus clientes devido à baixa procura.
Apesar da deterioração das condições das empresas, as empresas moçambicanas continuaram a encontrar razões para optimismo em Dezembro, levando a previsões optimistas para a actividade no próximo ano.
Cerca de 46% dos inquiridos prevêem um aumento da produção, impulsionado por projecções de vendas robustas e pelo investimento em novos produtos.
Fáusio Mussá, economista-chefe do banco afirma que crescimento do PIB foi baixo fora do sector extractivo, devido a um fraco investimento e aos efeitos combinados das actuais pressões fiscais e de uma política monetária restritiva.
Já para os três trimestres até Setembro de 2023, o PIB regista-se um crescimento médio de 4,9% em termos homólogos, apoiados pelo aumento da produção na plataforma de Gas Natural Liquefeito Coral Sul, que fez com que o PIB do sector extractivo crescesse 39,5% em termos homólogos.
Entretanto, o crescimento do PIB do sector não extractivo foi mais suave, situando-se em 2,7% em termos homólogos.
Para 2024, o banco mantém as suas projecções que apontam para um crescimento do PIB de 5,1% em termos homólogos.
Mussá acredita que “mesmo considerando que o crescimento pode abrandar no sector extractivo, a economia de Moçambique irá provavelmente receber algum apoio da esperada retoma do investimento de GNL em Cabo Delgado, bem como do aumento das despesas de investimento do Estado, num ano com eleições gerais marcadas para Outubro de 2024”.
A inflação, que se situou em 5,4% em termos homólogos em Novembro de 2023, deverá continuar a aumentar, reflectindo sobretudo as pressões sobre os preços dos produtos alimentares.
No que concerne a previsão de inflação no final do ano, as projecções apontam para 5,9% em termos homólogos para 2024.
(AIM)
sg