Maputo, 05 Jan (AIM) – A indústria de segurança privada da África do Sul está em franca expansão, numa altura em que a polícia luta desesperadamente para inverter os índices recorde de criminalidade.
Embora possa ser o país mais desenvolvido do continente, a África do Sul também regista uma das taxas de criminalidade violenta mais elevadas do mundo.
Em Fevereiro de 2023, foi registada uma média diária de 75 homicídios e 400 casos de roubo agravado.
Vários peritos alertam para o facto de a polícia sul-africana estar a travar uma batalha perdida contra o crime.
“Não está a melhorar, está a piorar”, disse Anton Koen, antigo agente da polícia que agora dirige uma empresa de segurança privada especializada na localização e recuperação de veículos roubados.
“A taxa de homicídios é a mais elevada dos últimos 20 anos, a violência está a piorar e o nosso sistema de justiça parece estar a desiludir o povo sul-africano.”
Existem menos de 150.000 agentes da polícia na África do Sul para uma população calculada em 62 milhões de pessoas.
Este número está muito aquém de mais de 2,7 milhões de agentes de segurança privada registados no país, tornando a indústria da segurança uma das maiores do mundo.
Desigualdade gritante
Apenas um número limitado de cidadãos pode dar-se ao luxo de contratar serviços de segurança privada, deixando a grande maioria dos sul-africanos a depender de uma força policial desorganizada e com parcos recursos. Este é apenas mais um exemplo da desigualdade gritante no país.
As empresas de segurança privada cobram uma taxa mensal para patrulhar os bairros e providenciar resposta armada no caso da activação dos sistemas de alarme dos seus clientes.
Também oferecem serviços de localização e recuperação de viaturas roubadas, o que muitas vezes resulta no seu envolvimento em perseguições a alta velocidade contra os ladrões de carros.
Estatísticas mostram que o número de empresas de segurança na África do Sul cresceu 43% na última década, enquanto o número de agentes de segurança registados aumentou 44%.
Chad Thomas, especialista em crime organizado que trabalhou durante mais de 30 anos na policia e agora na segurança privada, aponta a grande disparidade de riqueza como sendo um factor importante para o aumento da criminalidade.
Mais de 580.000 agentes de segurança privada estão actualmente activos e empregados – um número superior a polícia e o exército combinados.
Aumento das taxas de violência
A criminalidade violenta na África do Sul registou um pico na última década, após um período em que diminuiu substancialmente.
A taxa de homicídios na África do Sul em 2022-2023 foi de 45 por cada 100.000 habitantes, contra 6,3 nos Estados Unidos e de cerca de um na maioria dos países europeus.
Em Dezembro, o Ministro da Polícia, Bheki Cele, anunciou o destacamento de mais 10.000 agentes da polícia, num esforço para travar a criminalidade.
Numa indicação de que a polícia está sobrecarregada, as autoridades governamentais locais da província de Gauteng, que inclui Joanesburgo, a maior cidade da África do Sul, introduziram recentemente seus próprios agentes para ajudar na manutenção da lei e ordem.
Os referidos agentes estão desarmados, embora uniformizados, e apoiam as operações policiais, mas têm enfrentado questões sobre o seu estatuto legal.
Thomas diz que o crime “pode prosperar num ambiente onde existe uma força policial desorganizada”.
“Não temos uma força policial desorganizada porque ela se propõe a ser desorganizada”, acrescentou Thomas. “É apenas porque ela carece de recursos suficientes [ou] capacidade.”
(AIM)
Africa News/sg