
Elias Dhlakama
Maputo, 18 Jan (AIM) – O coronel Elias Dhlakama, irmão do falecido Afonso Dhlakama, que liderou a Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, de 1979 até à sua morte em 2018, anunciou a sua intenção de se candidatar à liderança desta formação política no próximo congresso.
Entrevistado pela agência alemã DW África, Dhlakama afirmou ter o apoio das bases do partido e de “membros seniores” da Renamo não identificados.
Dhlakama disse não ter medo de competir com Venâncio Mondlane, o candidato da Renamo a presidente do município de Maputo nas recentes eleições autárquicas, que declarou a sua intenção de se candidatar à presidência da Renamo na semana passada.
Dhlakama fez o seu anúncio no mesmo dia, 17 de Janeiro, em que expirou o mandato do actual líder da Renamo, Ossufo Momade, que foi eleito presidente da Renamo num congresso realizado em Janeiro de 2019. O Congresso da Renamo deve realizar-se de cinco em cinco anos – mas ainda não foi fixada a data para o de 2024.
“É do nosso conhecimento e é do domínio público que o mandato dos órgãos do partido termina no dia 17”, disse Dhlakama. “Por isso é que há uma necessidade, antes de mais nada, de se convocar a Comissão Política Nacional, que vai preparar as decisões.”
“É preciso que se faça o balanço das eleições municipais, onde a Renamo perdeu “, acrescentou.
Dhlakama atribuiu a derrota da Renamo à fraude. “Fomos roubados, apenas nos foram dados municípios insignificantes como forma de fazer calar a Renamo. Então, este caso, de facto, deve ser debatido no Conselho Nacional”.
Dhlakama apelou a Renamo a respeitar os seus próprios estatutos que descreveu como sendo “a Bíblia, a Constituição da Renamo”. Referiu que qualquer um para ser membro, primeiro, antes de mais nada, tem de respeitar este princípio.
Explicou que há quem pense que o Congresso é apenas para eleger a figura do presidente.
“Há muita gente que deve ser eleita. Há muitos membros da Renamo que esperam ser eleitos para o Conselho Nacional. Há muitos membros da Renamo que estão à espera de estar lá no Conselho Jurisdicional do partido”, anotou.
Dhlakama disse querer reavivar a Renamo e torná-la “um partido de inclusão”. Sugeriu que o DDR (Desmobilização, Desarmamento e Reintegração) da sua força residual, acordado entre Momade e o Presidente Filipe Nyusi, “se possível [deve haver] uma renegociação, porque os militares que beneficiaram deste processo todos eles estão a murmurar”.
Dhlakama candidatou-se à presidência da Renamo no Congresso de 2019, tendo ficado em segundo lugar, com 228 votos dos delegados do Congresso contra 410 de Ossufo Momade.
Outro candidato nessa eleição, Juliano Picardo, também anunciou na quarta-feira a sua intenção de se candidatar. Mas em 2019, ele obteve apenas cinco votos dos delegados do Congresso. É um antigo deputado da Renamo, e actualmente conselheiro político de Momade. É também membro do Conselho de Estado, órgão que assessora o Presidente da República.
Entrevistado pela agência noticiosa Lusa, Picardo afirmou que tem uma relação “fenomenal” com Momade. “Nunca me afastei do Presidente”, afirmou.
“Os militantes sabem que têm um Picardo muito humilde “, afirmou. “um Picardo sempre disposto para formar quadros dentro do partido, um Picardo sempre em prontidão para ajudar as bases do partido”.
(AIM)
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