Maputo, 24 Jan (AIM) – As Nações Unidas consideram que a oferta de educação de qualidade para todos continua a ser um desafio em Moçambique.
O sentimento vem reflectido numa Declaração Conjunta do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), por ocasião do Dia Internacional de Educação, que este ano se celebra sob o lema: “Promover a aprendizagem para uma paz duradoura”.
“Embora quase todas as crianças em Moçambique se matriculem no ensino primário, quatro em cada 10 crianças em idade escolar (6-17) não completam o ensino primário e apenas uma em cada quatro crianças completa o ensino secundário”, referem as duas organizações.
Segundo a Declaração, apenas quatro por cento das crianças em idade pré-escolar (3-5 anos de idade) participam na aprendizagem formal precoce e apenas 4,9 por cento e 7,7 por cento das crianças adquirem competências básicas de literacia e numeracia na terceira classe, respectivamente.
Além disso, lê-se na Declaração, a taxa de analfabetismo entre os jovens adultos, embora tenha melhorado, continua a ser elevada: 39 por cento (49,4 mulheres), de acordo com o Censo de 2017.
“É por isso que o UNICEF e a UNESCO estão a trabalhar para apoiar os esforços liderados pelo Governo para enfrentar desafios, incluindo a falta de materiais de leitura, o elevado rácio aluno/professor, os altos níveis de absentismo de professores e alunos e as infra-estruturas inadequadas, que impedem o acesso das crianças a uma educação de qualidade”, afirma o documento que a AIM teve acesso.
Aponta que trabalhar para melhorar as perspectivas de emprego para os que abandonam a escola, particularmente nas zonas rurais, é também uma prioridade e é fundamental para garantir que as crianças permaneçam na escola até concluírem o ensino secundário.
Entretanto, reconhece que, em Moçambique, à semelhança de outros países da região, o governo tem demonstrado um forte compromisso com a educação, “demonstrado através de uma planificação sólida e de um financiamento interno robusto (Moçambique atribui seis por cento do PIB e 20 por cento do Orçamento do Estado à educação).”
“À medida que as crianças em Moçambique se preparam para regressar à escola no dia 31 de Janeiro, a UNESCO e o UNICEF continuam empenhados em apoiar o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, bem como outros parceiros do Governo e da sociedade civil, nos seus esforços para melhorar a aprendizagem e as competências fundamentais das crianças e criar ambientes seguros conducentes à aprendizagem para todas as crianças, com enfoque nas mais vulneráveis, incluindo raparigas adolescentes, jovens e adultos”, destaca.
Na Declaração, as duas organizações reafirmam o compromisso de apoiar os governos africanos a proporcionar acesso universal a uma educação de qualidade para todas as crianças.
“Reconhecendo a educação como um direito inerente e um pilar fundamental para sociedades pacíficas, o apelo enfatiza o papel central da educação na promoção de uma governação inclusiva, democrática e participativa”, consideram.
(AIM)
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