Maputo, 10 de Fev (AIM) –O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, alerta que a onda de desinformação sobre a cólera é o principal factor da propagação da doença naquela província do norte de Moçambique.
O governador reafirmou esta constatação durante um balanço sobre a implementação do Plano Quinquenal do Governo no período de 2020 a 2023, bem como o ponto de situação do fenómeno do terrorismo que assola aquela província desde 2017 com um rasto de mais de 2.000 mortos e acima de um milhão de deslocados.
“Temos que intensificar a formação e a sensibilização, porque a desinformação está a ganhar campo. A informação tem que chegar às comunidades, e essa é uma das acções que devem ser reforçadas. O nosso papel é compreender melhor como é que ocorre essa desinformação”, disse o governador.
Para controlar a situação, Tauabo apelou às comunidades para o controlo da cólera, através de engajamento e participação activa em todos os programas de desenvolvidos, tanto pelo governo local como pelas autoridades provinciais de saúde.
Segundo a fonte, no sector da saúde entraram em funcionamento cinco novas unidades sanitárias, nomeadamente o Centro de Saúde Papa Francisco, localizado em Marupa, no distrito de Chiure, o Centro de Saúde de Namaca e Papa Francisco, no distrito de Montepuez, e o Centro de Saúde de Maringanha, no distrito de Pemba.
“A província passou a contar com 136 unidades sanitárias, contra 131 anteriormente existentes. Foram implantados dois blocos operatórios”, disse.
Ainda sobre a situação da cólera no país, apontada como a mais crítica dos últimos anos, o Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique, através de uma equipa de cientistas, estuda e aprofunda pesquisas em vigilância genómica em cólera para entender a dinâmica da sua transmissão no país.
O estudo também poderá aferir se a cólera que afecta Moçambique é importada de que país ou região ou se o país por sua vez está a exportar a doença, para além de ver os marcadores da gravidade da doença visando aferir a resistência aos antibióticos, em casos mais graves.
A pesquisa ocorre numa fase em que a cólera está a ganhar terreno em Moçambique, sobretudo nas províncias da região norte, com relatos de mortes e alguma pressão às unidades sanitárias, algumas das quais sem capacidade para responder aos desafios impostos pela doença, dada às fragilidades que apresentam.
Dada a problemática da cólera este ano, particularmente em Cabo Delgado, o director do INS, Samo Gudo, participou recentemente nas acções de apoio à resposta ao surto da cólera na província, onde o desafio para conter a doença é maior.
Durante a visita, Samo Gudo reuniu com vários segmentos sociais para desfazer a onda de desinformação sobre a doença, bem como participar em campanhas de vacinação contra o surto, explicando as vantagens e benefícios da imunização.
Em África, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), já foram reportados mais de 238.000 casos positivos e 4.327 mortes em 15 países, um dos piores surtos de cólera a atingir o continente nos últimos anos.
O surto tem sido agravado por inundações, secas, ciclones e outros fenómenos meteorológicos extremos, sendo necessário tomar medidas urgentes para reforçar a preparação e a resposta dos países afectados.
(AIM)
Nelucia Manhiça/PC/ dt