Maputo, 10 de Fev (AIM) – O governo moçambicano tenciona apresentar novas candidaturas ao Fundo de Desenvolvimento do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, também conhecido por “Fórum de Macau”, em sectores como a energia e recursos naturais para o ano 2024.
A garantia foi dada recentemente através de um documento a que AIM teve acesso, assinado pela delegada de Moçambique junto do Secretariado Permanente do Fórum de Macau, Francisca Reino, que assegurou ter já remetido os projectos ao referido fundo, aguardando o tempo de maturação em relação à aprovação dos mesmos.
“Nós entendemos que o fundo tem critérios próprios e estamos felizes que tenha havido, de certo modo, uma reforma nesses critérios de acesso. Esperamos, nos próximos tempos, poder apresentar dois ou três projectos, com o propósito de os candidatar ao fundo”, revela Francisca Reino.
Segundo a fonte, a delegação moçambicana em Macau reuniu e constatou que é mais fácil investir no sector de energia do que em qualquer outro sector, tendo em conta que a energia é um recurso que rapidamente gera frutos e melhor se enquadra nos critérios para o acesso ao fundo.
A fonte abordou sobre a cooperação sino-moçambicana, que espevitou o cultivo do arroz “Bom Gosto” no vale do Limpopo, província de Gaza, zona sul, produzido pela empresa Wanbao Africa Agricultural Development, Lda, como bom exemplo do tipo de investimento que as autoridades moçambicanas querem atrair para o país.
“Queremos investimento sustentável, estruturante e que possa envolver as populações locais no processo de criação de riqueza. Este arroz é uma presença cada vez mais habitual na mesa dos moçambicanos”, vincou a delegada.
Para a delegada, o projecto do cultivo do arroz em Gaza é também um testemunho tangível do sucesso das estratégias do Fórum de Macau, tendo em conta que o parque agrícola explorado pela empresa de Hubei, há uma década, foi a primeira iniciativa a ser financiada pelo Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
O investimento possibilitou a reabilitação de 20 mil hectares de terrenos agrícolas e um aumento da produção de uma tonelada e meia de arroz por hectare para oito toneladas por hectare.
“É um projecto que veio reforçar a segurança alimentar. O projecto mantém-se firme e está, neste momento, numa fase muito mais evoluída. Nós ficamos muito felizes pelo facto de eles lá estarem a investir”, sublinhou Francisca Reino.
O sucesso do investimento da Wanbao na fértil região do baixo Limpopo, a cerca de duas centenas de quilómetros da cidade de Maputo, capital moçambicana, foi em resposta a flexibilização dos critérios de acesso ao Fundo de Desenvolvimento do Fórum Macau que terá convencido as autoridades de Moçambique a avançar com novas candidaturas a financiamento.
Neste caso, o governo moçambicano, segundo dianta Francisca Reino, já identificou os sectores que melhor servem os interesses do país em consonância com as orientações do Fundo, e o sector energético é aquele que se afigura como mais promissor.
O sector é visto pelo governo moçambicano como um dos pilares fundamentais do desenvolvimento económico do país, a par da agricultura, indústria, turismo e construção de infra-estruturas, ramo da actividade económica no qual a cooperação com a China e com entidades chinesas se tem prefigurado como fundamental.
(AIM)
Paulino Checo (PC) /dt