Maputo, 26 Fev (AIM) – Os operadores de transporte semicolectivo de passageiros, vulgo Chapas, que exercem a actividade na rota Matola Gare-Baixa, paralisaram temporariamente a circulação das suas viaturas na manhã de hoje (26) na Matola, capital da província meridional de Maputo.
A AIM apurou que a paralisação surge em resposta a decisão da Polícia Municipal de proibir ligações, obrigando os transportadores a descarregar todos os passageiros, no terminal.
A medida deixou centenas de passageiros cerca de duas horas sem transporte, no terminal de transporte semi-colectivo de passageiros da Matola Gare.
Os transportadores alegam que a receita das ligações serve para pagar a taxa diária (suborno) cobrada por alguns agentes pela Polícia Municipal.
“Se a polícia quiser podemos parar de fazer ligações, mas eles também têm que parar de cobrar dinheiro na estrada porque é através dessas ligações que conseguimos pagar os três postos da polícia ao longo da viagem” disse um dos transportadores em anonimato.
Um outro transportador alega que no mínimo a polícia devia permitir cerca de metade dos passageiros no interior dos chapas a fazer ligações e os restantes subirem no terminal.
“Eles devem aceitar para carregarmos alguns passageiros, como acontece noutras rotas e depois poderíamos preencher com os que estão aqui no terminal”, disse.
“As pessoas sobem no Km 15, é difícil nós sabermos quem está a fazer ligações. Chegados aqui ninguém aceita descer e nós também não temos como devolver dinheiro a alguém que subiu lá”, acrescentou.
Entretanto, os passageiros divergem quanto a medida da Polícia Municipal. Alguns alegam que a medida vai repor a disciplina que há muito se perdeu nos transportes e outros defendem que vai prejudicar nas zonas distantes dos terminais.
“Eu saúdo esta decisão da Polícia, em qualquer actividade há regras por cumprir e aqui não deve ser ao contrário, porquê eles têm que aceitar ligações? Se nós assumirmos como algo normal o será daqueles que não têm dinheiro para fazer ligações?” questionou Mateus Matsinhe.
Outro passageiro que se identificou pelo nome de Ana Jorge, disse que “ como é que nós, que não temos capacidade de fazer ligações, vamos viver? A polícia deve continuar com esse trabalho e banir ligações.”
Amelia Rungo disse que “isso não é bom para nós que vivemos distante das terminais, onde os autocarros passam cheios. Não é fácil chegar todos os dias a cidade parada. Eles têm que sentir por nós também.”
Um agente da Polícia Municipal que se escusou a se identificar por não estar autorizado, disse que a medida faz parte da continuidade das acções que a corporação tem vindo a fazer para desencorajar os passageiros de pagarem duas vezes pela mesma viagem.
“Trata-se de uma operação que não é nova, é apenas continuidades de acções que a polícia tem levado a cabo por forma a repor a legalidade. Os passageiros não devem ser cobrados duas vezes pela mesma viagem” disse.
“O maior culpado disto tudo é o próprio passageiro. É ele que pede para ser levado e pagar por ligações. Esse mesmo passageiro não se coloca na posição de que não tem essas capacidades e esquece que amanhã também pode não ter essas capacidades.
Refira-se que, até a retoma das actividades, os passageiros que haviam feito ligações não chegaram de descer dos autocarros. A paralisação de actividades na rota Matola-Gare- Baixa decorreu das 06h30 até por volta das 09h00.
(AIM)
ZT/sg