
Bandeira de Portugal
Lisboa, 12 Mar (AIM)- O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, começou esta terça-feira a ouvir os partidos políticos e coligações, tendo em conta os resultados provisórios das Legislativas antecipadas realizadas no domingo, dia 10 de Março, já anunciados.
Segundo a Presidência da República, só depois de conhecidos os resultados das comunidades portuguesas na diáspora é que Marcelo Rebelo de Sousa indigitará um novo primeiro-ministro. O primeiro partido recebido pelo chefe de Estado é o PAN (Pessoas-Animais-Natureza), último na classificação, que obteve 1,93 por cento e elegeu um deputado.
O PS será recebido no dia 19 de Março e, em último, a Aliança Democrática será recebida no dia 20 de Março, segundo o calendário divulgado pela Presidência d República.
O Parlamento português sai de maioria absoluta para uma situação de fragmentação, o que leva os portugueses a recearem que, provavelmente, sejam chamos novamente às durante este ano ou próximo.
De acordo com os resultados provisórios, a Aliança Democrática (AD), que junta Partido Social-Democrata (PSD), CDS-PP e PPM (Partido Português Monárquico), venceu com vantagem mínima para o Partido Socialista (PS).
Apesar de ainda estarem por apurar os círculos da emigração, a coligação de centro-direita liderada por Luís Montenegro conseguiu eleger 79 deputados, mais dois do que o Partido Socialista, que apenas conquistou 77 mandatos parlamentares. Nas Legislativas antecipadas de 2022, o PS obteve maioria absoluta.
PM CESSANTE ESPERA QUE PRÓXIMO GOVERNO DURE QUATRO ANOS
O Primeiro-ministro cessante, António Costa, defendeu esta terça-feira que “as legislaturas devem cumprir-se” até ao fim, sublinhando que a estabilidade política tem sido “uma vantagem competitiva importante” para Portugal.
“Acho que as legislaturas devem cumprir-se. Para Portugal, tem sido uma vantagem competitiva importante ter havido estabilidade das legislaturas”, assinalou, em declarações aos jornalistas, à margem do segundo Encontro Anual das Agendas Mobilizadoras, que decorre esta terça-feira no Europarque, em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro.
E voltou a responsabilizar-se pelos resultados eleitorais de domingo, afirmando que “quem foi primeiro-ministro durante oito anos tem seguramente responsabilidades nos resultados eleitorais seguintes”.
Questionado pelos jornalistas sobre se Pedro Nuno Santos, novo Secretário-geral do PS, se antecipou ao assumir a derrota, tendo em conta que, matematicamente, ainda é possível que os socialistas fiquem à frente da AD, António Costa insistiu que está “em retirada” da actividade político-partidária, não querendo pronunciar-se sobre a matéria.
“Não há nada pior do que quem deixa de estar ao volante, depois dar opiniões sobre quem tem agora o encargo de conduzir. O doutor Pedro Nuno Santos é o escolhido para conduzir [o PS] e só lhe desejo boa condução e boa viagem”, declarou.
Costa não antecipa “qualquer sobressalto” na execução do PRR com o novo governo.
Aproveitando a ocasião do segundo Encontro Anual das Agendas Mobilizadoras, que são financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), António Costa disse ter “a certeza absoluta de que não é pelo facto de haver uma mudança de governo que o PRR vai sofrer qualquer tipo de sobressalto”.
E para mostrar essa confiança revelou que ainda ontem, segunda-feira, convidou Luís Montenegro para marcar presença neste encontro. Todavia, o líder da AD já “tinha um compromisso de agenda”, indicando, por isso, que seria representado nesta sessão pelo presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, o social-democrata Emídio Sousa.
Questionado sobre os projectos que ficam agora em suspenso, na sequência dos resultados eleitorais das legislativas, António Costa salientou a decisão sobre a localização do novo aeroporto, lembrando que a Comissão Técnica Independente entregou esta segunda-feira ao Governo o relatório final da avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto, mantendo a recomendação de uma solução única em Alcochete ou Vendas Novas, mas deixando em aberto a opção Humberto Delgado + Santarém que, segundo o relatório, “pode ser uma solução”, depois desta opção ter sido descartada no relatório preliminar.
Neste contexto, o ainda primeiro-ministro considerou que o próximo governo “terá toda a informação” disponível para “poder decidir” sobre a localização do novo aeroporto.
“O que é importante é que o próximo governo, quando entrar em funções, terá toda a informação para poder decidir”, vincou.
Independentemente da localização escolhida, António Costa já diz que “qualquer decisão é uma boa decisão”, tendo em conta não só “o atraso” da mesma, mas também o facto de esta decisão “beneficiar de um estudo e de uma informação técnica sólida”, decorrente de uma comissão técnica “completamente aleatória relativamente a quem tem de decidir”.
OS RESULTADOS DAS LEGISLATIVAS E A REACÇÃO DE LUÍS MONTENEGRO
“É minha expectativa fundada que o Presidente da República me possa indigitar para formar governo”, declarou Luís Montenegro, líder da AD, clamando uma vitória “incontornável”.
Reiterando o “não é não” ao Chega (não ao acordo com o Chega), o líder social-democrata disse que cumprirá a palavra dada. “Nunca faria tamanha maldade de incumprir o meu compromisso”, prometeu.
Apesar do resultado “tangencial”, Pedro Nuno Santos, líder do PS, assumiu, humildemente, a derrota do Partido Socialista nestas eleições e felicitou a AD pela vitória.
O secretário-geral do PS prometeu que o partido vai liderar a oposição e tentará “recuperar os portugueses descontentes com o PS”. Pedro Nuno Santos também adiantou que os socialistas não aprovarão “moções de rejeição nem de confiança” a um governo da AD.
MAIORIA À DIREITA (COM O CHEGA)
O grande vencedor da noite eleitoral (no domingo) foi mesmo o Chega, de André Ventura, que elegeu 48 deputados quadruplicando os resultados das legislativas de 2022, ficando pouco atrás dos partidos tradicionais.
“Não sabemos como é que esta noite ficará conhecida na História de Portugal, mas esta é a noite em que acabou o bipartidarismo em Portugal”, festejou o líder do partido André Ventura. o Chega é um partido da extrema-direita, xenófobo e racista.
Já a Iniciativa Liberal igualou o resultado das últimas legislativas, conseguindo eleger um grupo parlamentar com oito deputados.
O Livre, que na última legislatura tinha um deputado, nas legislativas de 10 de Março foi o grande vencedor à esquerda
O Bloco de Esquerda também conseguiu manter o mesmo número de deputados (5), seguido do Livre que pela primeira vez conseguiu eleger um grupo parlamentar, com quatro deputados.
Já a CDU (coligação unitária PCP-PEV) perdeu dois deputados, ficando a bancada reduzida a quatro deputados.
O PAN conseguiu apenas a reeleição de Inês Sousa Real.
(AIM)
DM