Maputo, 15 Mar (AIM) – A escassez de camarão branco na baía de Maputo, uma espécie de alto valor comercial, preocupa os armadores da Associação dos Pescadores Semi-industriais e Artesanais de Arrasto da Baía de Maputo (AMMAPESCAS).
Os motivos são desconhecidos, razão pela qual os pescadores encaminharam a sua preocupação ao sector que superintende as pescas.
Falando quinta-feira (14) em Maputo durante a abertura oficial da campanha de pesca 2024, o representante da AMMAPESCAS, Fred Miranda, também manifestou a sua preocupação com a longa duração do período de veda.
“Os armadores lamentam o longo período de veda que contribuiu negativamente na renda das famílias que dependem desta actividade, sobretudo as mais desfavorecidas que vivem da comercialização do camarão fino (Metapenaeus dobsoni)”, disse.
Num breve contacto estabelecido com a imprensa, a ministra do Mar Águas Interiores e Pescas (MIMAIP), Lídia Cardoso, disse que ainda não existe uma explicação para o desaparecimento do camarão branco, mas como forma de garantir o seu sustento os pescadores têm recorrido ao peixe fino.
“Neste momento ainda não temos uma explicação, há muitos factores. Este camarão para se reproduzir leva mais tempo e está a aparecer uma espécie nova dominante que está a ser pescada pelos nossos pescadores”, disse.
Explicou que o camarão branco tem alto valor comercial e é mais saboroso. Enquanto isso, as autoridades estão a trabalhar com os pescadores no sentido de usarem uma malha diferente para permitir que o camarão branco cresça e atinja seu tamanho normal.
Afirmou que esta espécie está a ser pescada ainda pequena, algo que que impede o seu desenvolvimento.
Sobre o período de veda, a governante disse que é longo a considerar a época de reprodução e crescimento das espécies. Contudo, as autoridades estão a ponderar sobre a possibilidade para a sua redução.
“É natural, nós já tivemos períodos de veda de cinco meses e fomos reduzindo de acordo com aquilo que são as necessidades dos operadores e ao mesmo tempo fazemos cruzeiros científicos que vão identificar qual o stock de pescado que temos nas nossas águas”, referiu.
Admite que deveria fazer cruzeiros científicos mais frequentes para a garantir a sustentabilidade dos stocks.
A ministra refere ainda que “para acautelar a perda ou redução estamos a dar estes períodos de veda que neste momento são longos, mas estão a ser reduzidos”.
“Há também os efeitos das mudanças climáticas que temos estado a estudar, o assoreamento de algumas zonas nos rios e nos mares, temos estado a fazer todos estes estudos para ver qual o impacto que isto está a ater a nível dos stocks do pescado”, acrescentou.
A veda e defeso da pesca do camarão de superfície no banco de Sofala, centro do país, baía de Maputo, foz do rio Limpopo e distrito de Govuro na região sul foi anunciada há quatro meses pelo governo moçambicano para assegurar a manutenção e reprodução das espécies.
(AIM)
CC/sg