Magude, 25 de Mar (AIM) – As chuvas que, nas últimas 24 horas, se fazem sentir em Magude, província de Maputo, sul de Moçambique, permitiram garantir um enchimento perto de 80 por cento em oito reservatórios escavados instalados naquele distrito.
Os referidos reservatórios foram construídos pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) e seus parceiros, tendo como objectivo mitigar o impacto negativo do fenómeno El Niño,
O mesmo já não pode ser dito pelos residentes das cidades de Maputo e Matola, onde a chuva é vista com consternação, pois ainda estão a se refazer da passagem da Tempestade Tropical “Filipo” que, há cerca de duas semanas, deixou um rasto de destruição.
Mas, em Magude, as chuvas são uma bênção, com o registo de uma precipitação acima de 100 milímetros que permitiu encher os reservatórios construídos no quadro do projecto de resiliência à seca.
O facto foi confirmado hoje, pelo administrador de Magude, Lázaro Bambamba, em entrevista a AIM, para abordar as medidas para a mitigação da seca prevista para naquele canto do país e chuvas acima do normal de acordo com a previsão da época chuvosa 2023-2024.
“Tivemos muita chuva aqui em Magude. E quando chove nós estamos a testar o projecto de resiliência à seca. Como sabem Magude beneficiou de quatro novos reservatórios escavados perfazendo um total de oito. Neste momento os reservatórios escavados registam cerca de 80 por cento de enchimento. Nos próximos três meses teremos água para agricultura e abeberamento do gado”, disse o administrador.
Mbambamba citou como exemplo os reservatórios de Inhongane, Mahel Motaze que registaram um incremento considerável, factor que constitui uma mais-valia para a produção agrícola, bem como para o abeberamento do gado, tendo em conta que, o distrito é o maior produtor na zona sul.
Para fazer face a ameaça da seca, o governo de Magude, por orientação do Comité Operativo de Emergência a nível da província, activou em Novembro de 2023 os comités de gestão de risco de desastres locais como forma de se posicionar face a ameaça do fenómeno El Nino previsto na antevisão climática 2023-2024.
Paralelamente, o distrito também concluiu o plano de acção tendo em conta as projecções que dão conta de que mais de 710 famílias, correspondentes a perto de 4.000 pessoas estão em risco de insegurança alimentar, e mais de 1.000 hectares de produção agrícola que poderão ser afectados.
“Para fazer face ao fenómeno El Nino, nós activamos em Novembro o Comité Técnico Distrital e ao nível dos postos administrativos e das localidades decidimos igualmente activar os comités locais em coordenação com as associações agrícolas e criadores do gado bovino. Tomamos esta decisão porque não queremos improvisar nem correr atrás do prejuízo”, disse o administrador.
Estão em risco de aridez no distrito de Magude, os postos administrativos de Mapulanguene, Motaze e Mahele, locais onde a seca severa matou mais de 2.000 cabeças de gado em 2016, colocando os residentes em risco de insegurança alimentar e desnutrição clónica.
Ainda no quadro de mitigação aos impactos da seca, Magude beneficiou-se da segunda fase do projecto de Recuperação à Seca e Resiliência, na qual já foram construídos quatro reservatórios escavados, perfazendo um total de oito, para além de sistemas multiusos.
O governo local tem aconselhado os produtores a apostarem em culturas de ciclo curto de modo a aproveitar a chuva que caiu recentemente, bem como o plantio de culturas tolerantes a seca, nomeadamente a mandioca e a batata doce, factor que desafia as autoridades a investir na cadeia do agro-processamento.
Refira-se que, na zona sul do país, a segunda fase da recuperação à seca e resiliência, através da iniciativa Climate Insurance, Finance and Resilience Project (CLINFIREP) está a construir 20 reservatórios escavados e 16 furos multiusos para mitigar os impactos da seca.
A iniciativa, orçada em 47 milhões de dólares, é financiada pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). A mesma visa promover o desenvolvimento de infra-estruturas resilientes às alterações climáticas e a diversificação agrícola, utilizando práticas agrícolas climaticamente inteligentes.
AIM
PC/sg