Maputo, 02 Abr (AIM) – As vítimas das enxurradas causadas pela passagem de um sistema de baixa pressão entre os dias 23 e 25 Março último, no sul de Moçambique, manifestam a sua satisfação com o apoio prestado pelo centro de acolhimento de Muchisso, edilidade da Matola, província de Maputo, e pelo Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD).
Belmira Matavel, uma das vítimas das cheias, que se encontra no referido no centro de acolhimento, onde também funciona a Escola Primária de Muchisso, o bairro de Matibjana, disse à AIM que está satisfeita pelo apoio prestado pelo município da Matola e pelo INGD desde o dia que se encontram no centro.
“Não posso reclamar, desde que estou aqui tenho tido ajuda, nunca me faltou comida e água. O INGD e o município têm trazido feijão, peixe e outros alimentos. Mesmo ‘dragão’, recebemos para combater os mosquitos”, disse.
Matavel disse que o problema das inundações remonta de 2013 após a construção da Estrada Circular de Maputo, que está acima do nível das casas e peca por não ter valas de drenagem. Por isso, como o curso normal da água está impedido por causa da altura da estrada não existe outra saída senão inundar as casas que se encontram nas proximidades.
Adozinda Sitoe, também vítima das cheias, reconheceu, igualmente, o apoio prestado pela edilidade e pelo INGD. Entretanto, pede o apoio em material escolar para os seus filhos retornarem à escola, pois as chuvas destruíram quase tudo.
Disse que desta vez as chuvas foram muito intensas e, por isso, perdeu quase todos os bens, incluindo televisor, congelador entre outros electrodomésticos .
“Estou neste bairro há mais de 10, antes da construção da Estrada Circular nunca tinha visto algo do género, Esta última chuva foi demais, na minha casa a água chegava até a altura do meu ombro. Nunca tinha vindo ao centro de acolhimento, mas desta vez não tive escolha e acabei por me conformar”, disse.
Enquanto as vítimas que foram acolhidas pelo centro Muchisso mostram-se satisfeitas, algumas famílias dos quarteirões 1 e 2 do bairro Matibjana que não estiveram no centro sentem-se abandonadas pela edilidade.
Uma das vítimas, que falou no anonimato queixa-se afirmando que uma das condições impostas para ter ajuda do município era estar no centro.
“Nós fomos abandonados, não tivemos nenhum apoio porque não estávamos no Centro de Muchisso. Preferimos ficar nesta casa inacabada que nos foi cedido pelo nosso vizinho, por estar próximo das nossas casas para podermos controlar os oportunistas”, disse.
Segundo a fonte, estavam, na casa do vizinho, mais de 22 pessoas, correspondentes a quatro famílias, cuja alimentação é suportada por vizinhos.
Por sua vez, o director da Escola Primária de Muchisso, Maurício Herculano, afirma que a presença das famílias não afecta o decurso normal das aulas graças ao prévio trabalho de sensibilização, quer da parte dos alunos, quer das famílias, no sentido de respeitar os limites da área de estudo e das famílias.
“Quanto à interferência em termos do ambiente, fizemos de tudo, sensibilizamos as famílias e os alunos para que as famílias não passem pelas salas onde decorrem as aulas e os alunos pelas salas onde estão alojadas as famílias”, disse.
Herculano sublinhou, contudo, que com as três salas ocupadas pelas famílias, que acomodam a seis turmas, o número de turmas com aulas ao ar livre sobe para 19 turmas.
“Em termos de impacto no Processo de Ensino e Aprendizagem são três salas ocupadas e servem para seis turmas o que significa que teremos mais seis turmas ao ar livre enquanto as famílias estiverem aqui”, disse.
A escola Primária de Muchisso acolheu 33 famílias no passado dia 24 do pretérito Março, das quais 10 já regressaram às suas residências, permanecendo no local 23 famílias compostas por 198 pessoas.
(AIM)
Snn/sg