Nampula (Moçambique), 17 Abr (AIM) – O Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) está prestes a libertar variedades de milho geneticamente modificado, que marca um processo investigativo de 16 anos.
A directora-geral do IIAM, Zélia Menete, revelou esta informação terça-feira (16) na província de Nampula, norte de Moçambique, e afiançou que falta apenas a autorização das entidades competentes.
“O que estamos a tentar fazer aqui é o melhoramento de várias culturas. No caso do milho, temos já essas variedades prontas para libertar para o ambiente, mas isso agora depende da Autoridade Nacional de Biossegurança de Moçambique no Ministério da Ciência e Tecnologia. Já submetemos os relatórios e estamos a espera da aprovação para libertar estas variedades no ambiente”, declarou.
A fonte adiantou que os ensaios foram conduzidos no distrito de Chókwè, província de Gaza, Lichinga, (Niassa) e Ribáuè, (Nampula) com variedades que mostraram desempenho diferente, dadas as condições agro ecológicas desses locais, mas com potencial para que em um hectare possam atingir um rendimento por hectare na ordem de quatro a cinco toneladas de milho, ao invés de uma tonelada como acontece actualmente.
O desenvolvimento das novas variedades, segundo a fonte, procura responder aos problemas de baixo rendimento do milho frequentemente colocados pelos próprios produtores.
“A nível nacional estamos à volta de 900 quilos ou uma tonelada por hectare, enquanto noutros países da nossa região produzem cinco, oito ou dez toneladas por hectare. Da investigação o verificou-se que as principais limitantes são o ataque por doenças e pragas ao milho, baixa precipitação e ainda a disponibilidade de semente certificada para o agricultor trabalhar”, anotou.
Contudo, Menete não descarta a possibilidade de os agricultores comerciais com envergadura financeira mais forte, optarem por continuar a usar variedades não geneticamente modificadas.
Sobre as críticas contra o uso de organismos geneticamente modificados (OGM), a directora-geral do IIAM defende a necessidade de balançar as vantagens decorrentes. Aliás, em Moçambique já se consomem produtos com essas características há vários anos.
“Não somos uma ilha, há muitos outros países que estão no mesmo caminho, então queremos encontrar soluções para melhorar o rendimento, aumentar a produtividade por hectare em vez de produzir uma tonelada, queremos chegar a dez”.
Menete explicou também que a investigação olha para os aspectos que concorrem para as mudanças climáticas.
“Diminuir o desmatamento, uso de pesticidas que prejudicam o ambiente, com as mudanças climáticas, vamos ter chuvas erráticas e neste momento enfrentamos, além do fenómeno e El Niño, a seca”, elaborou.
Concluiu afirmando “estas variedades e outras que são mais resilientes podem garantir que Moçambique, a África Austral, deixe de ser dependente de importações modificados”.
Os organismos e alimentos geneticamente modificados são plantas, animais ou micróbios cujo genoma (ADN), foi modificado com recurso a engenharia genética para favorecer a expressão de características desejadas ou a geração de produtos biológicos desejados.
Em Moçambique existe um regulamento de biossegurança relativo a gestão de organismos geneticamente modificados (OGM),que toma em conta os riscos de saúde e ambientais, assim como o controlo de questões comerciais.
(AIM)
RI/sg